Conacri - O governo da Guiné declarou estado de emergência na quarta-feira, após três dias de violência nas ruas desde que o candidato oposicionista Alpha Condé foi declarado vencedor das eleições presidenciais deste mês.
"No interesse de manter a paz, a calma e a unidade nacional, um estado de emergência foi declarado, em vigor imediatamente, até a confirmação final dos resultados ... pela Suprema Corte", disse Nouhou Thiam, comandante do Exército, pela TV estatal.
Pela lei, a Suprema Corte tem oito dias para se manifestar sobre os resultados preliminares a partir do momento da sua publicação. O adversário de Condé, Cellou Dalein Diallo, contestou a vitória do rival.
O estado de emergência inclui um toque de recolher a partir das 18h (16h em Brasília), e dá poderes extraordinários à polícia, disse um chefe policial à Reuters.
Essa foi a primeira eleição livre na ex-colônia francesa desde a independência, em 1958, e deve encerrar dois anos de regime militar desde a morte do homem-forte Lansana Conté.
Apesar dos apelos de Diallo por calma, muitos de seus seguidores, especialmente da etnia peul, têm feito manifestações nas ruas, travando frequentes confrontos com as forças de segurança e com membros da etnia malinke, ligada a Condé.
Testemunhas disseram ter visto jovens armados com facões pelas ruas de vários bairros. A polícia realizou várias prisões.
Fontes médicas e policiais disseram que pelo menos duas pessoas já morreram nos distúrbios, e a entidade Human Rights Watch afirmou haver dezenas de feridos.
Diallo diz que seus seguidores têm sido perseguidos, e que recebeu informações sobre pelo menos dez mortes.
"Muitos dos meus apoiadores foram mortos ... As autoridades precisam aceitar sua responsabilidade, do contrário seremos forçados a pedir às pessoas que se defendam", afirmou.
A Guiné tem um histórico de repressão violenta a manifestações, e as forças de segurança estão sob atenta observação, depois da morte de mais de 150 pessoas durante uma passeata por democracia no ano passado.
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