O isolamento da Coreia do Norte e a quase veneração à família governante Jong Un também operam mudanças na língua. “Suryong” é o título para o líder fundador do Norte e seu filho, Kim Jong Il, pai do atual líder Kim Jong Un. Mas no Sul a palavra é usada para se referir a uma facção ou a um líder local de séculos atrás.
Pyongyang está tão ansiosa para “purificar” a língua sob sua filosofia de autoconfiança que elimina sumariamente palavras de origem estrangeira e utiliza substitutas locais. Xampu é chamado de “meorimulbinu”, que significa ao pé da letra “sabão líquido para cabelo”, e suco por “danmul”, ou “água doce”. Tais diferenças fascinam os sul-coreanos, que adoram examiná-las em testes de brincadeira ou em shows de humor.
Desentendimentos podem surgir em frases aparentemente inócuas em coreano, como por exemplo “Vamos almoçar alguma hora”. Os sul-coreanos frequentemente usam a expressão para encerrar uma conversa amistosa, mesmo com conhecidos ocasionais. Mas os norte-coreanos recém-chegados levam esses convites a sério, e sentem-se frequentemente enganados ou ofendidos quando não recebem um telefonema posterior ao convite.
“Se alguém usa palavras tão vazias na Coreia do Norte, suas relações com os outros serão cortadas e ela será uma pessoa sem crédito”, afirmou um desertor do Norte que pediu anonimato, por temer que familiares seus do outro lado da fronteira possam correr algum risco.
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