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Afegãos fazem uma pausa para lanchar à beira de estrada na periferia de Cabul, com painel repleto de cartazes de propaganda eleitoral dos candidatos: eleições custaram US$ 225 milhões a doadores internacionais | Ahmad Masood/Reuters
Afegãos fazem uma pausa para lanchar à beira de estrada na periferia de Cabul, com painel repleto de cartazes de propaganda eleitoral dos candidatos: eleições custaram US$ 225 milhões a doadores internacionais| Foto: Ahmad Masood/Reuters
  • Os principais candidatos no país dos talebans

Cabul - O governo do Afeganistão ordenou ontem que meios de comunicação ocidentais e afegãos não falem de violência durante as eleições presidencial e provinciais que ocorrerão amanhã para que o medo não impeça os cidadãos de irem votar. O movimento fundamentalista islâmico Taleban já ameaçou realizar ataques no dia da votação e pediu aos cidadãos que fiquem em casa.

Somente ontem 22 pessoas morreram em diferentes ataques ocorridos em várias regiões do país. Entre os mortos estão militares da Otan (a aliança militar ocidental); equipes da Comissão Eleitoral Independente, a entidade afegã que é responsável pela organização e realização do pleito; e um candidato a conselheiro provincial.

O governo assinou dois decretos. O primeiro – e mais polêmico – é do Ministério de Relações Exteriores e proíbe a veiculação de informações sobre casos de violência das 6 h às 20 h de amanhã (das 21h30 de hoje às 12h30 de amanhã, em Brasília).

Há duas particularidades. A primeira é a de que o texto não expõe fundamentos legais para a decisão nem informa eventuais consequências do seu descumprimento; e a segunda é que a versão em inglês dos documentos usa o termo "request", que seria um "pe­­dido", no entanto, segundo a agên­­cia de notícias Reuters, a versão original, em dari – um dos idiomas oficiais do país –, afirma que a veiculação de notícias está "es­­tritamente proibida". Desde a de­­posição do Taleban do poder, em 2001, os meios de co­­muni­­cação afegãos cresceram muito. Há, atualmente, tevês e rá­­dios pri­­vadas, bem como jornais e revistas.

Os ataques que aconteceram em diversas partes do país elevaram o grau de alerta para os problemas que o Taleban pode gerar para o pleito.

Com a censura à mídia, o go­­verno pretende garantir um com­­parecimento mínimo para que todo o processo – que custou mais de US$ 225 milhões a doadores internacionais – tenha alguma legitimidade e para que o presidente eleito – ou reeleito, já que Hamid Karzai é candidato – tenha força para lutar contra as graves dificuldades do país.

O Taleban já alertou a população para que não vá votar porque as eleições são uma mentira inventada pelos Estados Unidos e porque haverá ataques contra locais de votação. Somente on­­tem duas escolas que seriam utilizadas como locais de votação fo­­ram atingidas por foguetes lançados por insurgentes, em Logar. Segundo o governo afegão, cerca de 12% dos 7 mil locais de votação poderão ficar fechados, por questões de segurança.

Em tentativa de colaborar pa­­ra aumentar o comparecimento às urnas, a Otan anunciou que mais de 100 mil homens das tropas internacionais abandonarão suas operações especiais, amanhã, para trabalhar na segurança dos eleitores.

De Nova Iorque, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que ficou "profundamente preocupado" com as notícias dos ataques ocorridos ontem.

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