O Egito prendeu cerca de 500 manifestantes entre terça e quarta-feira, durante os dois dias e uma noite de protestos que buscavam o fim do governo de 30 anos do presidente Hosni Mubarak, disse uma fonte do Ministério do Interior.
Dezenas de milhares de egípcios se manifestaram no Cairo e em outras cidades do Egito.
O governo havia dito nesta quarta-feira que iria proibir protestos e prender manifestantes, para que a inédita mobilização popular contra o presidente não se repetisse.
Apesar do alerta, ativistas responsáveis pelo "Dia da Ira" usaram a Internet para convocar novas manifestações contra Mubarak, que governa o Egito desde 1981. Pelo menos três manifestantes e um policial morreram na terça-feira nos protestos em várias cidades do país.
O primeiro-ministro disse nesta quarta-feira que o governo está comprometido com a liberdade de expressão por meios legítimos e que a polícia havia agido com moderação diante das manifestações do dia anterior.
"O governo está decidido a garantir a liberdade de expressão por meios legítimos", afirmou o primeiro-ministro Ahmed Nazif, segundo a agência estatal de notícias.
No começo da madrugada de quarta, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar manifestantes que ocupavam a praça Tahrir, no centro do Cairo. Ao amanhecer, a calma havia sido restabelecida na capital e em outras cidades, mas um grande número de policiais continuava na praça.
Enquanto garis retiravam pedras e destroços das ruas, o jornal independente Al Masry al Youm chegava às bancas com uma ameaçadora manchete em letras vermelhas: "Alerta".
Um grupo de oposição, a Juventude do 6 de Abril, usou sua página no Facebook para convocar protestos na quarta-feira, "e depois de amanhã, e até que Mubarak saia".
Algumas exigências políticas foram postadas no Facebook e distribuídas em filipetas na praça Tahir, antes que a polícia interviesse.
Tais exigências incluem a renúncia de Mubarak e do primeiro-ministro Ahmed Nazif, a dissolução do Parlamento e a formação de um governo de unidade nacional. Um sindicalista usou um megafone para repetir essas exigências à multidão.
Cerca de 40 por cento dos 80 milhões de egípcios vivem com menos de 2 dólares por dia, e um terço da população é analfabeta.