Pela primeira vez em quatro anos, autoridades de censura do Irã levantaram hoje o bloqueio ao Facebook e ao Twitter, em mais um aparente sinal de abertura por parte do governo do presidente Hasan Rowhani.
Não está claro se o acesso continuará. O governo não se pronunciou sobre a medida, que pegou os internautas de surpresa.
Por volta das 22h locais, muitos iranianos acessaram redes sociais para anunciar que estavam postando sem precisar recorrer aos programas antifiltros amplamente usados para contornar as restrições impostas pelo governo à navegação na internet no país.
A medida não parece ter atingido todos os provedores de internet, já que mais da metade dos internautas consultados pela Folha continuavam com acesso bloqueado.A reportagem conseguiu acessar o Facebook graças a um iPad que não é equipado com antifiltro.
Redes sociais estavam bloqueadas no Irã desde 2009, quando a oposição usou a internet para mobilizar multidões para protestar contra supostas fraudes na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Em momentos de tensão política, autoridades derrubaram a internet por completo, alimentando temores de que o governo implementaria planos de adotar uma rede própria, isolada do mundo. O projeto não se concretizou.
O governo também criou nos últimos anos uma polícia cibernética para combater dissidências consideradas ameaça ao regime e conteúdo julgado incompatível com a visão do islã promovida pelo Estado.
No ano passado, o blogueiro Sattar Beheshti foi preso e torturado até a morte em Teerã por postar críticas ao Estado. O caso chocou os iranianos e gerou uma crise no governo.
Uma das promessas de campanha de Hasan Rowhani era levantar restrições à internet, o que lhe valeu votos em massa de jovens e da classe média na eleição presidencial de junho. Nos últimos dias, a maior parte do gabinete de Rowhani aderiu publicamente ao Facebook, no que foi visto como um prenúncio de que a promessa seria cumprida.
Rohwani também vem promovendo uma agenda diplomática mais conciliadora com as potências ocidentais.
Mas as medidas do presidente enfrentam resistência de setores ultraconservadores, que enxergam gestos de abertura como concessão à ideologia promovida pelos inimigos da república islâmica.
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