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O governo britânico pediu uma investigação sobre as tentativas de ativistas de extrema-esquerda de "sequestrar" movimentos como o Black Lives Matter e o Extinction Rebellion, informou o jornal Telegraph nesta segunda-feira (8). A revisão ficará a cargo de John Woodcock, que compõe a Câmara dos Lordes como Lorde Walney, e também incluirá uma investigação sobre a atuação da extrema-direita no país. Ao concluir seu relatório, o consultor apresentará recomendações ao primeiro-ministro, Boris Johnson, e à secretária de Estado para Assuntos Internos, Priti Patel.
Em entrevista ao Telegraph, Lorde Walney mencionou que a ameaça da extrema-direita é um problema significativamente maior do que a extrema-esquerda e que ambas são menores do que o extremismo islâmico. Contudo, ele afirmou que o Reino Unido precisa estar vigilante "contra um ponto cego... para a perspectiva de extremismo progressista – isto é, perturbações inaceitáveis ou mesmo violência levada a cabo em nome de causas progressistas pelas quais o establishment político e a grande maioria da população nutre grande simpatia, como mudanças climáticas e injustiça racial".
A principal preocupação citada por Lorde Walney, neste caso, é a de que haja permissibilidade em relação a ações intoleráveis da esquerda radical porque as pessoas percebem objetivos admiráveis e estão sujeitas a “se submeter a um viés consciente ou muitas vezes inconsciente ao ignorar as estratégias para chegar lá”, informou o jornal.
Lorde Walney também falou que grupos extremistas de esquerda tendem a ter mais sucesso do que os de direita em "sequestrar" causas importantes, conquistando, inclusive, apoio de políticos. Recentemente, acadêmicos e ativistas acusaram o Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP, na sigla em inglês) de tentar sequestrar o movimento Black Lives Matter ao se colocar como organizador de protestos e de reuniões que ocorreram no auge das manifestações contra a morte de George Floyd. O SWP nega a acusação.
Também há relatos de que células comunistas e socialistas estejam usando o nome do grupo ambientalista Extinction Rebellion para divulgar causas da extrema-esquerda. Patel, ministra de Assuntos Internos, alegou que alguns ativistas da organização "se tornaram criminosos" que ameaçam pilares fundamentais da vida nacional, citando como exemplo o bloqueio que o grupo fez a duas gráficas de jornais, em setembro de 2020, para protestar contra o que considera "falha da imprensa em reportar sobre o clima e a emergência ecológica".
O relatório sobre a atuação dos extremistas de esquerda e direita no Reino Unido deve ser entregue ao governo britânico em maio.