O governo do Sudão aceitou, nesta sexta-feira, a nova versão do acordo de paz proposto para pôr fim ao conflito em Darfur, já matou dezenas de milhares de pessoas e levou mais de 2 milhões a abandonarem suas casas desde o início de 2003, informou um mediador da União Africana (UA).

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O documento foi elaborado por mediadores da União Africana após dois anos de negociações e recebeu emendas do vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Robert Zoellick, e de uma equipe de diplomatas ocidentais.

A proposta prevê uma série de concessões por parte dos rebeldes, incluindo garantias mais firmes em relação à segurança, medidas para que os integrantes das facções entrem para as forças armadas do Sudão e a exigência de que o país desarme as milícias Janjaweed.

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A principal facção rebelde de Darfur, Exército de Libertação do Sudão (da sigla em inglês SLA), liderada por Minni Arcua Minnawi, aceitou o novo acordo de paz. Outros dois grupos - uma facção rival do SLA e o Movimento de Justiça e Igualdade (JEM) - rejeitaram o documento, lançando dúvidas sobre o valor do mesmo.

- Eu aceito o documento com algumas reservas em relação à divisão do poder - disse Minnawi ao presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, ao vice-secretário de Estado dos EUA e aos vários diplomatas reunidos na sede do governo de Obasanjo, em Abuja.

Um porta-voz de Minnawi disse que a principal reserva do grupo estaria ligada a uma representação insuficiente da facção nas cadeiras do Parlamento. Mas Minnawi concordou em trabalhar para ajudar a acabar com o sofrimento do povo de Darfur e dos combatentes da facção.

No início de 2003, o SLA e o JEM iniciaram um levante armado na região de Darfur contra o que consideram a negligência do governo central, dominado por árabes. Cartum usou milícias de tribos árabes para reprimir a rebelião. Uma campanha de vandalismo, saques e estupros causou uma catástrofe humanitária em Darfur e os EUA classificaram a violência de "genocídio".

O JEM exige a formação de um governo regional, um cargo de vice-presidente, maior representação em instituições nacionais, indenização por vítimas da guerra e aplicação de 6,5 por cento da arrecadação sudanesa para um fundo de desenvolvimento de Darfur. Os mediadores dizem que estas exigências não podem ser totalmente atendidas.

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A violência em Darfur impede que equipes levem ajuda para milhares de desabrigados. Elas dizem que o acordo é essencial antes da temporada de chuvas, que começa em junho, quando o trabalho de plantação de alimentos precisa terminar.