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O governo dos Estados Unidos repudiou as críticas que o presidente do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, fez nesta semana contra o jornal The New York Times. Obrador chamou o veículo de “pasquim imundo” após a publicação de uma reportagem que investiga sua suposta ligação com o narcotráfico.
“Obviamente, não é algo que apoiamos”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, durante uma entrevista coletiva. Ela ainda defendeu a liberdade de imprensa e condenou o fato de Obrador ter divulgado o número do celular da jornalista responsável pela sucursal do New York Times para o México, América Central e Caribe.
“É importante que a imprensa possa informar livremente sobre questões importantes para o povo americano e de uma forma que se sinta segura e protegida, não assediada ou atacada. Isso é algo que obviamente rejeitamos”, disse.
A matéria que tirou o presidente mexicano do sério revela que os Estados Unidos trabalharam, durante anos, em uma investigação sobre supostos pagamentos feitos por traficantes mexicanos aos filhos de Obrador e alguns de seus aliados durante a campanha presidencial de 2018.
Presidente propõe reforma constitucional a apenas 8 meses de deixar o poder
A polêmica entre Andrés Manuel López Obrador e o New York Times aconteceu poucos dias depois da realização, na capital mexicana, de uma grande manifestação contra o seu governo.
O evento reuniu, no último domingo (18), mais de 100 mil de pessoas na principal praça da Cidade do México e também em cidades dos Estados Unidos e da Espanha com grande contingente de imigrantes mexicanos. Vestidos com a cor rosa, os manifestantes pediram eleições mais justas e protestaram contra corrupção.
Apesar de faltarem apenas 8 meses para o término de seu mandato, Obrador – que não pode se reeleger – pretende enviar ao Congresso uma série de reformas constitucionais voltadas para a modificação do que ele chama de “artigos impopulares instituídos durante os governos neoliberais”.
O pacote inclui, entre outros itens, uma reforma no sistema eleitoral que, segundo a oposição, beneficia o grupo político atualmente no poder.