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Milionários e fazendeiros formam o grosso do governo da Tailândia, elevado ao poder pelo respaldo em massa que seus líderes souberam ganhar da empobrecida população das zonas rurais do norte do país para vencer nas eleições do dia 3 de julho.

O Puea Thai (Dos Tailandeses), liderado pela primeira-ministra Yingluck Shinawatra, defendeu um programa populista para vencer nas urnas o Partida Democrata, o preferido das elites de Bangcoc que tradicionalmente regeram os destinos do país.

Subir o salário mínimo para 300 bats (7,1 euros) por dia era uma de suas propostas, embora esta corra o risco de ficar apenas no papel depois que o ministro do Comércio, Kittiratt Na-Ranong, afirmou em setembro que o Estado não pode forçar as empresas privadas a aumentar os pagamentos.

A modéstia das expectativas dos setores mais pobres contrasta com a opulência da qual a classe dirigente goza e evidencia a abismal diferença entre ricos e pobres em uma das economias mais desenvolvidas do Sudeste Asiático.

Entre os tailandeses que sofrem menos para chegar ao final do mês estão os 36 membros do governo, dos quais dois de cada três dispõem de um patrimônio de pelo menos um milhão de euros, segundo a declaração à Comissão Nacional Anticorrupção que todos os membros do governo devem apresentar quando entram para o Executivo e quando se retiram.

A primeira-ministra figura entre os mais ricos com um patrimônio de 12,8 milhões de euros, divididos em investimentos financeiros, propriedades e luxos diversos, como oito veículos, uma casa com campo de futebol e sete bolsas Hermès, a mais cara das quais lhe custou 8.300 euros.

Além disso, Yingluck revela em sua declaração que seu filho dispõe de mais de 100 mil euros e que seu marido, Anusorn Amornchat, diretor-geral da M Link Asia Corporation, conta com cerca de dois milhões mais.

Yingluck estreou na política este ano após ter dedicado sua vida profissional à gestão das companhias familiares, bem como diretora da operadora de telefonia celular AIS e, até há pouco, em qualidade de presidente do grupo de empresas do setor imobiliário SC Asset Company.

Sua riqueza, no entanto, fica longe da de seu irmão, mentor político e líder na sombra do Puea Thai, Thaksin Shinawatra, o ex-primeiro-ministro derrubado pelo golpe de Estado de 2006 e a quem a Corte Suprema confiscou cerca de 1 milhão de euros em 2010, mais da metade de seu patrimônio estimado, após ser acusado de corrupção.

O único que supera a chefe de Governo é o ministro de Ciência e Tecnologia, Plodprasop Suraswadi, que após uma vida de burocrata admite ter economizado bens no valor de 22,9 milhões de euros, a maioria, em forma de terrenos.

O membro mais modesto do gabinete é o vice-ministro de Transporte, Kittisakdi Hathasongkorth, que declarou 92.700 euros.

A informação apresentada à Comissão também serve para comprovar que se o poder na Tailândia representa algum tipo de desgaste para quem o ostenta, as repercussões dificilmente se mostram no bolso dos interessados.

Assim, o ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, do Partido Democrata, declarou uma riqueza de 1,3 milhão de euros ao deixar o cargo em agosto após dois anos e meio no governo, quase 100 mil euros mais que quando assumiu.

Uma melhora pouca comparada com a de seu número dois, o ex-vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban, a quem o tempo no cargo lhe permitiu dobrar seu patrimônio de 9 mil para 2,2 milhões de euro.

Tal exibição de bem-estar não deixa de surpreender pela grande quantidade de ministros e vice-ministros que asseguram não possuir nem casa nem carro.

A Comissão Anticorrupção prevê uma inabilitação de cinco anos como castigo para quem fizer uma declaração de patrimônio falsa.

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