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Crianças afegãs mostram os restos queimados de um exemplar do Alcorão perto do local de um ataque em Cabul, em 29 de julho de 2019, um dia após um ataque letal contra um comitê de campanha eleitoral. A violência marcou o início do período de eleições no Afeganistão no fim de semana
Crianças afegãs mostram os restos queimados de um exemplar do Alcorão perto do local de um ataque em Cabul, em 29 de julho de 2019, um dia após um ataque letal contra um comitê de campanha eleitoral. A violência marcou o início do período de eleições no Afeganistão no fim de semana| Foto: NOORULLAH SHIRZADA / AFP

As forças do governo afegão e seus aliados causaram mais mortes de civis no Afeganistão no primeiro semestre de 2019 do que o Talibã e outros insurgentes contrários ao governo, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira (30).

O relatório da Missão da ONU no Afeganistão (Unama) afirma que 1.366 civis morreram e outros 2.446 ficaram feridos no conflito no primeiro semestre de 2019 na região. Desses, 717 civis não envolvidos no conflito foram mortos em ataques de forças de segurança afegãs, milícias pró-governo e aliados internacionais, além de 680 feridos. As mortes e ferimentos de civis causados por forças pró-governo aumentaram 31% em comparação com o mesmo período do ano passado, em grande parte pelo aumento de operações aéreas e de busca.

Entre os civis mortos pelas tropas do governo e aliados, a metade morreu em ataques aéreos. Segundo a Unama, a maioria dessas mortes de civis é atribuída à Força Aérea dos Estados Unidos, e uma pequena parte foi causada pela Força Aérea Afegã.

Os ataques aéreos dos EUA seriam parte da estratégia para atacar os comandantes do Talibã e criar as condições para uma solução política para o conflito. Segundo estatísticas da Força Aérea dos EUA, os Estados Unidos quase dobraram o número de bombas e outras munições lançadas sobre o Afeganistão desde 2017.

Ataques dos grupos terroristas Talibã, Estado Islâmico e outras forças extremistas contrárias ao governo mataram no mesmo período 531 civis e feriram mais de 1.400.

No mesmo período, houve uma grande queda no número de mortos e feridos em ataques suicidas das forças insurgentes, particularmente de ataques pelo Estado Islâmico.

O número total de civis que morreram ou ficaram feridos no conflito diminuiu 27% em comparação com o mesmo período de 2018, quando o número registrado de civis mortos bateu recorde. Ainda assim, a ONU expressou preocupação porque o número de civis mortos aumentou 27% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2019. A organização afirmou ainda que o nível de danos causados aos civis é “chocante e inaceitável”, e que as partes envolvidas devem fazer mais esforços para reduzir as fatalidades de civis.

O porta-voz das tropas americanas e da Otan no Afeganistão, Sonny Leggett, questionou os "métodos e conclusões" da Missão da ONU, ao contabilizar as vítimas, já que o relatório utiliza "fontes com informações limitadas e com conflitos de interesses", segundo a agência de notícias Efe. Cerca de 14 mil soldados estrangeiros estão posicionados no Afeganistão.

Após mais de 18 anos de conflito, representantes dos Estados Unidos e do Talibã participam de diálogos de paz no Qatar. Na segunda-feira (30), o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que o presidente Donald Trump ordenou que ele reduza o número de soldados americanos no Afeganistão até as eleições presidenciais de 2020.

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