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Aliados militares e civis do convalescente presidente venezuelano, Hugo Chávez, garantiram na sexta-feira que ele continua dirigindo o país, apesar da sua prolongada ausência desde que viajou para Cuba a fim de retirar um câncer.

O general Henry Rangel Silva, comandante do Exército, e vários ministros vieram a público para reagir às especulações sobre um possível vazio de poder ou disputas políticas depois que Chávez, de 56 anos, revelou na noite de quinta-feira que ainda está recebendo tratamento depois da cirurgia.

Ele não disse quando pretende regressar de Cuba, para onde viajou em 10 de junho, nem especificou qual tratamento está recebendo, o que alimentou rumores de que as células cancerígenas teriam se espalhado, exigindo uma quimioterapia.

Inicialmente, o governo disse que ele havia retirado um "abscesso pélvico", e nos últimos dias a mídia já vinha especulando que ele teria um câncer de próstata.

A ausência do carismático líder, no poder desde 1999, desperta dúvidas sobre a capacidade dele de disputar um novo mandato em 2012, no que seria parte da sua estratégia declarada de governar até 2021.

Em meio às dúvidas sobre a duração da sua recuperação e de quem está governando o país enquanto isso, o vice-presidente Elías Jaua insistiu que Chávez mantém de Cuba o "pleno exercício da autoridade."

"Que ninguém tenha dúvidas - é Chávez quem está no comando aqui", ecoou o ministro da Energia, Rafael Ramírez.

Uma fonte próxima à equipe médica venezuelana que acompanha a recuperação de Chávez disse que o diagnóstico revelou um câncer que exigia um tratamento agressivo que poderá levar muitos meses.

Uma ala do Hospital Militar de Caracas estava sendo preparado para recebê-lo quando ele retornar ao país, disse a fonte. Não foi divulgado boletim oficial sobre a condição de Chávez na sexta-feira.

Ao mesmo tempo em que desejou pronta recuperação a Chávez, a oposição também acusou o governo de mentir a respeito da saúde dele. Os rivais argumentaram também que, pela Constituição, ele deveria delegar poderes em caso de ausência ou doença prolongada.

"Não sabemos quando o presidente vai voltar ... Pode haver uma enxurrada de processos (argumentando isso) nos tribunais", disse Ramón Aveledo, líder do bloco oposicionista Unidade Democrática.

O general Rangel disse que os militares, sustentáculo do governo esquerdista de Chávez, irão garantir a ordem constitucional durante a ausência do presidente. Falando à TV estatal, o comandante do Exército disse que Chávez irá regressar logo. "Ele está melhorando, está bem."

Ministros em Havana

Para reforçar a tese de que Chávez continua no comando, a TV estatal exibiu na sexta-feira um vídeo em que o falante presidente aparece comandando uma minirreunião ministerial em Havana, na quarta-feira.

"Não devemos baixar a guarda nem por um só momento. Daqui para frente, em ritmo de vitória", disse Chávez no vídeo, em que ele comenta que sua recuperação inclui caminhadas diárias e uma dieta especial.

Os EUA, que acusam Chávez de governar de forma autoritária o país petroleiro, disse não ver ameaça imediata de instabilidade na Venezuela.

"Esta é claramente uma questão pessoal, algo com que ele e sua família estão lidando", disse em Washington o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. "Somos solidários com isso. Mas não temos qualquer razão para crer que haja algo envolvendo a estabilidade de lá."

A doença de Chávez, no entanto, é claramente motivo de preocupação para a aliada Cuba, que fornece petróleo e ajuda financeira ao país comunista. Por outro lado, a possibilidade de declínio do chavismo anima os mercados.

"Vácuos políticos raramente devem ser encorajados, mas este pode levar a uma redução dos gastos públicos e pode aumentar a probabilidade de uma vitória da oposição nas próximas eleições, e portanto de um estilo de governo menos afeito ao confronto," disse Richard Segal, analista de mercados emergentes da Jefferies, em Londres.

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