Crítica
Uribe diz que eventual diálogo de paz favorece reeleição de Chávez
O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe afirmou ontem que Hugo Chávez colaborou com o eventual estabelecimento de um diálogo de paz com guerrilheiros das Farc para favorecer suas chances de reeleição nas eleições de outubro.
O ex-presidente (2002-2010) se transformou em um dos principais críticos de Santos que foi seu ministro de Defesa por considerar que ele é fraco no combate às Farc.
"Este governo pensa que a paz é obtida negociando com um terrorismo que o governo permitiu", afirmou Uribe.
Por outro lado, o ex-presidente liberal Ernesto Samper (1994-1998) argumentou que Santos incentivou políticas de apoio às vítimas do conflito que criaram o melhor cenário possível para uma negociação.
"Acredito que os astros nunca estiveram tão alinhados como agora na busca da reconciliação nacional", declarou Samper.
Histórico do conflito
Guerrilha colombiana perdeu força nas últimas décadas
1964 As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) são formadas como guerrilha marxista; nas décadas seguintes, passam a se financiar com dinheiro do narcotráfico.
1998 Presidente Andrés Pastrana Arango inicia diálogo com as Farc; processo falha.
2000 Plano Colômbia, para lutar contra o narcotráfico, é montado com pesado financiamento dos EUA.
2001 Rebeldes libertam 359 reféns em troca de 14 guerrilheiros capturados.
2002 Farc sequestram Ingrid Betancourt, então candidata à Presidência. Uribe é eleito presidente com promessa de linha-dura contra Farc.
2008 Colômbia ataca acampamento das Farc no Equador e mata número 2 da guerrilha, Raúl Reyes. Governo liberta Ingrid Betancourt e 14 reféns.
2009 Com apoio logístico do Brasil, Farc promovem libertações unilaterais.
2010 Farc libertam novos reféns, entre eles o mais antigo, Pablo Moncayo, com apoio do Brasil.
2011 Forças do governo matam Alfonso Cano, comandante das Farc.
26 fev. 2012 Farc anunciam que não farão mais reféns civis.
Ontem O canal de televisão Telesur afirma que foi firmado em Havana, Cuba, um acordo entre as Farc e o governo colombiano visando o fim do conflito armado; governo colombiano não se pronuncia.
O governo da Colômbia e representantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram ontem em Cuba um acordo para iniciar negociações para a paz
A informação divulgada pelo canal de televisão Telesur, ligado ao governo Hugo Chávez, foi confirmada no início da noite pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
"Desde o primeiro dia do meu governo tenho cumprido com a obrigação constitucional de buscar a paz. Desenvolvemos conversações exploratórias com as Farc para buscar o fim do conflito" e os resultados serão divulgados nos próximos dias, revelou Santos em mensagem pela tevê.
O presidente assinalou que as forças militares colombianas não suspenderão suas operações ou reduzirão sua presença no território nacional durante estes contatos com a guerrilha. Santos informou ainda o interesse de outra guerrilha colombiana o Exército de Libertação Nacional (ELN) de participar destas "conversações dirigidas a acabar com a violência", e se mostrou aberto a sua participação em um eventual diálogo.
Segundo o presidente, as três premissas básicas para o diálogo são "aprender com os erros do passado para não repeti-los; qualquer processo precisa levar ao fim do conflito e não a seu prolongamento; e a manutenção das operações e presença militar sobre cada centímetro do território" colombiano.
Principal guerrilha da Colômbia, as Farc operam desde os anos 1960 e tem atualmente cerca de 9,2 mil combatentes. O ELN reúne mais de 2,5 mil homens, segundo o Ministério do Interior.
As Farc entregaram os que consideram "prisioneiros de guerra" integrantes das forças de seguranças ou políticos que consideram "trocáveis" por guerrilheiros detidos. Estima-se, no entanto, que mantenham em cativeiro sequestrados comuns, a espera de resgate.
Não há cifras oficiais. Segundo a ONG País Libre, há 405 pessoas detidas na selva pela guerrilha.
Negociadores
Segundo a Telesur, o representante das Farc é o comandante Mauricio, líder da guerrilha após a morte de Jorge Briceño. Pelo governo, o conselheiro de Segurança Sergio Jaramillo, o ministro do Meio Ambiente, Frank Pearl, e Enrique Santos, irmão do presidente.
Santos se reúne com possível negociador
Efe
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, se reuniu ontem em Bogotá com César Gaviria, ex-secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), apontado como um dos possíveis interlocutores do governo caso se concretize a abertura de um diálogo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Uma fonte próxima à Casa de Nariño, sede presidencial, confirmou à Agência Efe que Gaviria chegou à reunião com Santos horas depois de o canal Telesur, com sede em Caracas, assegurasse que o Executivo e as Farc haviam concordado iniciar um diálogo pela paz.
O nome de Gaviria como integrante do comitê mediador ou negociador oficial perante a principal guerrilha colombiana foi mencionado por alguns meios de comunicação de Bogotá, entre eles a rádio RCN, mas sem citar fontes.
Gaviria é reconhecido como o presidente da Colômbia que ordenou a primeira e maior operação militar contra as Farc, que estão em atividade desde 1964 e na atualidade contam com cerca de 8,5 mil combatentes, segundo fontes militares. A ação foi lançada no dia 10 de dezembro de 1990.
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