O Conselho de Defesa Nacional do Egito alertou os manifestantes que exigem a volta da democracia no país de que as negociações para um fim pacífico do impasse "não vão durar pra sempre". Por meio de nota, a entidade advertiu ainda que qualquer eventual acordo com os protestantes não poupará "quem violou a lei nem aqueles que incitaram o povo contra o Estado".
O Conselho de Defesa Nacional é liderado pelo presidente interino do Egito, Adli Mansour, e conta com a participação dos mais influentes ministros do governo empossado nos dias que se seguiram ao golpe militar que depôs Mohammed Mursi, o primeiro presidente democraticamente eleito da história do país.
O comunicado foi divulgado ontem, um dia depois de o grupo ter se reunido no Cairo. Os manifestantes organizaram acampamentos permanentes para exigir a volta de Mursi e a restauração da democracia no Egito.
O presidente foi deposto pelos militares em 3 de julho, apenas um ano e três dias depois de sua posse. Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) tentam mediar uma solução pacífica para a crise política egípcia.
Pressão
Abdel Fatah al-Sisi, chefe militar egípcio e o homem mais poderoso do país, criticou duramente a administração Barack Obama por não apoiar integralmente o novo governo. Em rara entrevista ao jornal Washington Post publicada ontem, al-Sisi descreve o golpe contra Mursi como o movimento "de um povo livre que se rebelou contra um regime injusto."
Aos EUA, disse: "Vocês abandonaram os egípcios. Vocês viraram as costas para os egípcios, e eles não vão se esquecer disso. Agora vocês vão continuar dando as costas para os egípcios?".
A crise política no Egito é um desafio diplomático para os EUA, uma vez que o governo americano deve, por lei, interromper seu auxílio se considerar a deposição um golpe de Estado.
Washington tem evitado a palavra golpe, mas após episódios violentos com dezenas de mortos pela repressão militar no Egito, o Pentágono decidiu congelar a entrega de quatro caças F-16 ao país.
Na entrevista, al-Sisi criticou a interrupção do envio militar.
O governo interino no Egito promete realizar novas eleições num prazo de seis meses. Ao Washington Post, o general disse não ter interesse em concorrer à Presidência, mas não descartou a possibilidade.
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