A coalizão de centro-esquerda que apoia a presidente argentina Cristina Kirchner perdeu o controle do Congresso nas importantes eleições de meio de mandato. Até o marido de Cristina, o ex-presidente Néstor Kirchner, perdeu a disputa na província de Buenos Aires, onde concorria a uma vaga na Câmara de Deputados.
"A sociedade argentina mandou um recado ao governo", comentou o analista político Rosendo Fraga. "Ele tem de mudar de curso.
Contabilizados os resultados de mais de três quartos das urnas, a coalizão apoiada pelo casal Kirchner perdia quatro assentos no Senado e o controle da Casa, que tem 72 membros. Com 36 cadeiras no Senado ainda sob controle, a coalizão governista "Frente para a Vitória" estava com um assento a menos do que o necessário para ficar com a maioria.
"Tornamo-nos a principal força de oposição", proclamou o líder da oposição de centro-direita Ricardo Alfoncin, que obteve uma cadeira na Câmara, agora também sob controle dos oposicionistas.
Néstor Kirchner, que sofreu um duplo revés com a derrota de sua candidatura, admitiu ter perdido por um ponto e meio ou dois pontos porcentuais. "Não temos nenhum problema em reconhecer isso", afirmou.
Uma aliança de dissidentes do peronismo, incluindo o rico empresário Francisco de Narváez e o prefeito de Buenos Aires Mauricio Macri, derrotou Néstor Kirchner. De Narváez representa a volta, dentro do Partido Peronista, das ideias neoliberais do ex-presidente Carlos Menem. "Viramos uma página na história argentina", declarou Narváez, após a vitória. "Uma nova história vai surgir na vida de cada argentino.
A coalizão governista também sofreu pesadas derrotas na capital e nas províncias de Buenos Aires, Santa Fé, Córdoba e Mendoza, de acordo com os resultados da apuração. Os aliados presidenciais perderam até na província sulista de Santa Cruz, onde os Kirchner começaram sua carreira política.