| Foto: REUTERS/Ismail Zitouny

Saif al-Islam Kadafi, o último filho foragido do falecido ex-líder da Líbia, Muamar Kadafi, e procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes contra a Humanidade, foi detido pelo combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT) no sul da Líbia.

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Pouco depois do anúncio de sua captura, os pedidos de que seja julgado pelo TPI se multiplicaram em nível internacional, mas as autoridades líbias, que se comprometeram a cooperar com o TPI, deram a entender que Saif al-Islam pode ser julgado na Líbia.

Saif al-Islam, apresentado durante muito tempo como o provável sucessor de Muamar Kadafi, "foi detido no sul líbio", declarou neste sábado à AFP Mohamed al-Allagui, ministro da Justiça e Direitos Humanos do Conselho Nacional de Transição (CNT), sem indicar a data da captura.

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O filho de Muamar Kadafi chegou por volta às 16h (12h de Brasília) ao pequeno aeroporto de Zenten, 170 km a sudoeste de Trípoli, segundo as imagens captadas por um combatente do CNT.

Nas imagens Saif al-Islam desceu do avião em um ambiente caótico enquanto uma multidão de combatentes e curiosos se acotovelavam para vê-lo, filmá-lo e tocá-lo. Saif al-Islam, com a barba cerrada, estava vestido com um turbante marrom e tinha alguns dos dedos da mão enfaixados.

Segundo chefes militares do CNT, há um mês Saif al-Islam ficou ferido no bombardeio contra seu comboio quando deixava Bani Walid (170 km a sudeste de Trípoli) na queda desse bastião kadhafista em meados de outubro.

Desde 27 de junho, Saif al-Islam, de 39 anos, era alvo de uma ordem de captura do TPI por suspeitas de crimes contra a Humanidade. Ele é acusado de ter tido "um papel-chave para executar um plano" concebido por seu pai para "reprimir por todos os meios" o levante popular.

O primeiro-ministro líbio interino, Abdel Rahim al-Kib, afirmou neste sábado que Saif al-Islam Kadafi, terá um "julgamento justo, no qual os direitos e a lei internacional estejam garantidos".

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"O sistema judiciário vai entrar em contato com o Tribunal Penal Internacional (CPI) para examinar onde Saif al-Islam será julgado", ressaltou.

"Qualquer cooperação com os organismos internacionais é bem-vinda", acrescentou, sugerindo que as autoridades preferem que seja julgado na Líbia.

As autoridades líbias têm a obrigação de entregar Saif al-Islam, indicou um porta-voz do TPI à AFP, sem descartar a possibilidade de um julgamento na Líbia.

"Se as autoridades acreditam que um julgamento em nível nacional é uma solução melhor, podem solicitar a Haia (sede do TPI) que não admita o caso, baseando-se no princípio da complementaridade das cortes", declarou.

Outro porta-voz indicou que o procurador do TPI, Luis Moreno-Ocampo, viajará à Líbia na próxima semana.

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Estados Unidos, União Europeia, França e Reino Unido pediram ao novo poder líbio que coopere com o TPI e que garanta um julgamento justo a Saif al-Islam.

A Anistia Internacional e a Human Rights Watch pediram que CNT entregue Saif al-Islam ao TPI para evitar "o que aconteceu com Muamar e Muatasim Kadafi", ambos mortos depois de terem sido capturados vivos.

O representante especial da Presidência russa para a África, Mikhail Marguelov, ressaltou que a Rússia está satisfeita com o fato de Saif al-Islam ter escapado de um "julgamento sumário".

A Otan declarou que tem "confiança" nas autoridades líbias para que a justiça siga seu curso.

Em Trípoli e em Benghazi, "capital" dos combatentes do CNT quando estes eram rebeldes, as comemorações eclodiram nas ruas ao anúncio da prisão.

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Saif al-Islam apareceu em público pela última vez na noite de 22 de agosto quando a rebelião o dava como capturado. O filho de Kadafi apareceu diante de jornalistas estrangeiros assegurando que tudo estava "bem" em Trípoli, algumas horas antes da queda do quartel-general de seu pai na capital líbia.

O procurador do TPI, Moreno Ocampo, havia declarado em várias ocasiões que manteve "contatos" as últimas semanas com Saif al-Islam por meio de intermediários tendo em vista uma eventual rendição.

O conflito na Líbia terminou no dia 23 de outubro com a proclamação da "libertação total" do país, três dias depois da morte de Muamar Kadafi.

Saif al-Islam era o último filho de Kadafi ainda procurado na Líbia. Três de seus irmãos morreram durante o conflito, enquanto que os outros filhos do ex-líder se refugiaram nos vizinhos Argélia e Níger.

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