“Tratoraço” em rodovia paraguaia: produtores se concentrarão hoje em Assunção para exigir segurança| Foto: Jorge Adorno/Reuters

Assunção - Milhares de agricultores estacionaram ontem tratores ao longo de diferentes estradas em 13 dos 17 departamentos que formam o Paraguai, no primeiro grande protesto contra o governo do presidente Fernando Lugo.

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"Esta é uma mensagem clara a todos os cidadãos cansados da insegurança e da violência que prevalecem no país", afirmou o líder do "tratoraço", Hector Cristaldo, presidente da União dos Grêmios de Produção (UGP).

O protesto, no 110º dia do governo de Lugo, é, segundo seus organizadores, uma reação a uma série de invasões de propriedade e queima de construções, máquinas e lavouras por parte de supostos camponeses sem-terra. A oposição acusa o governo de apoiar os sem-terra.

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"Exigimos segurança e trabalho do presidente Lugo," disse Cristaldo no discurso que deu início às manifestações simultâneas em 60 pontos do país, e que culminará hoje, segundo os planos dos organizadores, com uma manifestação em frente ao Congresso, na capital, Assunção.

"Esta é uma mobilização gigantesca, inédita", disse o agricultor. "Seguimos pelas margens, pacificamente, sem fechar as estradas, sem prejudicar outras pessoas."

Os produtores, apoiados por 14 grandes corporações de produtores e empresários, exigem o fim das invasões, que mantêm muitos deles em alerta, especialmente os sojicultores, que estão em época de plantio.

"Os delinqüentes, os ladrões de gado, têm mais proteção (que os produtores)", disse ao jornal paraguaio ABC Color o vice-presidente da regional do departamento de Misiones da Associação Rural do Paraguai (ARP), Augusto Campos.

Sob o lema "segurança e trabalho para todos", os produtores conseguiram a adesão de outros setores, que convocaram manifestações em vários praças centrais de cidades paraguaias.

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Líderes da oposição atribuem a Lugo, que até 2007 era bispo da Igreja Católica, um "perturbador" giro do seu governo em direção à esquerda, que teria como modelo o venezuelano Hugo Chávez e o presidente do Equador, Rafael Correa.

"Este tipo de governo não é o que as pessoas queriam", disse o ex-vice-presidente do país Luis Castiglioni, líder do Partido Colorado — que ficou no poder por 61 anos até a posse de Lugo.