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Nigéria

Governo Lula quer resgatar e restaurar Casa do Brasil

O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta | Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil
O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta (Foto: Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil)

Lagos, Nigéria – Abandonado pelos africanos e esquecido por décadas pelo Brasil, um bairro em meio aos caos e à degradação da cidade de Lagos, na Nigéria, faz parte de uma história pouco conhecida do país. Trata-se do Brazilian Quarter, ou Bairro Brasileiro, construído entre o final da década de 1890 e o início do século 20 pelos ex-escravos que haviam deixado a Nigéria e foram levados ao Brasil. Com a abolição, alguns deles voltaram à terra natal e construíram suas casas como haviam sido ensinados no Brasil. Agora, o governo brasileiro quer recuperar a área.

Durante quase 200 anos, a população de vilas inteiras do território que hoje se conhece como Nigéria foi levada como escrava ao Brasil. Mas estudos apontam que cerca de 10 mil ex-escravos voltaram à Nigéria após a Lei Áurea. Trouxeram nomes como Cardoso, Silva e Martins, que ainda hoje podem ser encontrados em Lagos. Palavras como "mingau" e "feijão" também fazem parte do vocabulário local. Essa comunidade ficou concentrada na parte que atualmente é o centro da cidade, com sua língua e costumes.

Nas ruas, lixo e um asfalto quase inexistente também fazem parte do cenário. O resultado visível da volta desses ex-escravos é uma surpreendente coleção de casas térreas e sobrados com muitas semelhanças em relação aos edifícios baixos do centro do Rio, de Fortaleza ou de Salvador. Diante do valor histórico, o governo brasileiro quer agora recuperar uma das principais casas no bairro para transformá-la em um centro de estudos.

Até as autoridades locais são simpáticas ao projeto, uma vez que garantiria a renovação de um monumento, algo raro em Lagos, onde metade da população de 14 milhões vive com menos de US$ 1 por dia, em uma das áreas com pior índice de qualidade de vida do mundo. Mas a resistência vem dos moradores que passaram a ocupar ilegalmente o imóvel nas últimas décadas. Cerca de 20 pessoas vivem hoje na Casa Brasil e argumentam que, sem elas, o edifício já estaria completamente deteriorado, como ocorreu com o entorno.

O governo Lula, por sua vez, sabe que terá de encontrar um lugar para que essas pessoas possam morar. Não por acaso, a mera visita da reportagem ao local levanta suspeitas entre os moradores, que se aproximam para questionar porque é que fotos estavam sendo tiradas.

Outro problema é que parte da casa foi alugada, também ilegalmente, a camelôs, que ocupam espaço com barracas de alimentos e alguns poucos livros amarelados.

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