BAGDÁ - O Iraque irá eleger um novo Parlamento em 15 de dezembro, informou o gabinete do presidente neste domingo, marcando a próxima etapa para a transição política do país, um dia depois do referendo sobre a Constituição.
A Constituição provisória iraquiana, feita no ano passado, estabeleceu que as eleições parlamentares aconteceriam em 15 de dezembro de 2005, independentemente se a nova Carta fosse aprovada. Os resultados do referendo de sábado ainda não foram oficializados, mas contagens parciais davam conta de que a maioria votou pelo "sim".
"Quinze de dezembro é o dia", disse Kamaran Padaghi, porta-voz do presidente. "Se a Constituição passar ou não, teremos eleições neste dia, seja para uma assembléia permanente, de quatro anos, ou para uma nova assembléia interina por um ano", completou.
O porta-voz disse que a decisão foi adotada por decreto presidencial.
Contagem de votos continua
Washington acha que os iraquianos votaram "sim" pela Constituição apoiada pelos Estados Unidos, mas enquanto os votos eram apurados, neste domingo, apareceu a possibilidade de um veto sunita.
- A maior parte das pessoas presume que esta probabilidade já passou - disse a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condolezza Rice a repórteres durante visita a Londres, elogiando a participação nas áreas árabes sunitas, que em sua maior parte boicotou a votação de janeiro para o parlamento, que escreveu a Constituição.
A participação estava entre 63% e 64 %, disse o chefe da Comissão Eleitoral, Hussein Hendawi, e que pode aumentar. A participação em janeiro foi de 58%, na primeira eleição pós-Saddam Hussein.
Hendawi disse que não tinha resultados, mas autoridades locais de sua agência começaram a dar um cenário de uma forte votação pelo "sim" nas províncias muçulmanas xiitas no sul, e uma grande rejeição nas áreas sunitas do norte e do oeste.
É necessário que três províncias votem "não" para bloquear a Carta. E, até agora, duas províncias seguiam firmes neste caminho, mas não ficou claro se uma terceira também rejeitará.
Em escolas e prédios do governo, autoridades estão contando, recontando e empilhando votos de "sim" e "não".
Pelo menos cinco soldados foram mortos no fim do sábado, quando uma bomba atingiu um comboio. Três foguetes caíram na Zona Verde fortificada da capital, onde funciona o governo e onde autoridades estavam fazendo a contagem final. Não houve danos graves.
Xiitas e seus aliados curdos no governo formam três quartos da população, mas os 20 % de árabes sunitas podem fazer a diferença se três províncias votarem "não" por maioria de dois terços.
Duas províncias parecem estar a caminho de rejeitar o texto, incluindo a região natal de Saddam, Salahaddin, ao redor de Tikrit e Samarra, onde autoridades eleitorais disseram que o "não" teve 70%.
Em Falluja, onde milhares de insurgentes combateram tropas dos EUA há um ano, cerca de 90% dos eleitores registrados votaram, disse o chefe eleitoral local, Saadullah al-Rawi, e 99% votaram "não" à Constituição que os líderes sunitas afirmam que poderá dividir o Iraque em regiões xiitas e curdas.
Não havia número disponível de cidades na Província de Anbar, onde fica Falluja, mas a participação deve ser baixa devido aos combates e ao medo de ataque durante a votação.
Se Anbar e Salahaddin votarem "não", toda a atenção se voltará a Mosul, capital da província de Nineveh, no norte, divida entre árabes sunitas e curdos. A província de Diyala, ao nordeste de Bagdá, também pode votar "não".
Ao sul da capital, apesar da surpreendente rejeição de seguidores nacionalistas do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr, a votação pró-Constituição estava dominando.
Nas províncias de Najaf e Kerbala, autoridades locais disseram que a Constituição foi aprovada por cerca de 85%.Medidas de segurança impediram grandes ataques insurgentes no dia da votação. Foram registrados apenas pequenos ataques no Iraque, depois de meses de violência em que milhares de pessoas foram mortas.
Autoridades eleitorais disseram que os resultados parciais da votação podem sair já neste domingo, mas que levará dias para que o resultado final fique claro.
Se a Constituição passar, o Iraque voltará a votar em dezembro para um parlamento com mandato de quatro anos, em medida que Washington afirma que marcará o surgimento completo de uma democracia soberana e de um novo aliado do Ocidente.
O "Não" pode forçar as facções a voltar a negociar, limitando a eleição de dezembro a uma nova assembléia e um novo governo interino para reescrever o capítulo.
Apesar da incerteza, o referendo de sábado ganhou elogios das Nações Unidas e do governo Bush.
A Casa Branca elogiou o alto índice de participação e a relativa calma comparada com a eleição de janeiro, em que mais de 40 pessoas morreram em mais de cem ataques insurgentes, incluindo suicidas.
- Parece que o nível de violência ficou bem abaixo do que na última eleição - disse o porta-voz da Casa Branca, Allen Abney. - A votação de hoje é um duro golpe às ambições dos terroristas e manda uma mensagem clara ao mundo de que o povo do Iraque vai decidir o futuro do seu país através de eleições pacíficas, e não de insurgências violentas.
A votação de sábado foi realizada tr s anos depois do dia do último referendo constitucional do Iraque, que perguntou se os eleitores queriam ampliar o mandato de Saddam em sete anos. O regime de Saddam disse que 100% dos eleitores participaram e votaram a favor dele.
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