O governo de Javier Milei informou nesta quinta-feira (4) que vai modificar a Lei Nacional de Educação da Argentina para punir professores por “doutrinação” em sala de aula.
O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, disse em coletiva de imprensa na Casa Rosada que dois artigos da legislação serão modificados com esse objetivo.
“O Ministério do Capital Humano ficará encarregado de disponibilizar um canal para que pais e alunos possam denunciar doutrinação e atividades políticas que não respeitem a liberdade de expressão. Poderão fazer denúncias quando sentirem que o direito à educação não está sendo respeitado”, afirmou Adorni, segundo informações do jornal Clarín.
O porta-voz citou como exemplo “um ato que ofendeu famílias de estudantes e veteranos [da guerra] das Malvinas” em uma escola na província de Buenos Aires nesta semana.
Eles se retiraram de um ato que fazia referência aos 42 anos do início do conflito porque consideraram que uma professora estava “politizando” o assunto, ao fazer “uma análise ultradetalhada do que foi a ditadura” argentina, segundo relatou o filho de um ex-combatente ao site Infobae.
Milei, que incluiu entre suas promessas de campanha a distribuição de vouchers para que os pais escolham em qual escola seus filhos vão estudar, sempre considerou que a educação pública argentina é um ambiente de difusão do chamado “marxismo cultural”.
No passado, ele afirmou que acredita que as novas gerações argentinas estão mais propensas a concordar com suas opiniões porque “têm menos tempo de exposição à lavagem cerebral da educação pública”.
“Os jovens são rebeldes por natureza e o status quo é de esquerda”, justificou, em declaração em 2022. “Hoje um menino vai para a aula e se o professor fala alguma bobagem, ele procura nas redes, percebe que é bobagem e confronta [o professor]. E os professores depois fazem bullying com aqueles que querem defender as ideias de liberdade.”
Nesta quinta-feira, a Confederação dos Trabalhadores em Educação da República Argentina (CTERA) promove uma paralisação para exigir melhorias salariais e a recomposição do Fundo de Incentivo ao Professor (Fonid). É o segundo dia de greve da categoria desde o início do ano letivo na Argentina, no final de fevereiro.
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