O governo do presidente da Argentina, Javier Milei, rebateu nesta quarta-feira (28) uma declaração do papa Francisco, que afirmou que o Estado tem um “papel mais importante do que nunca” para garantir a justiça social.
Em uma mensagem enviada a juízes argentinos, Francisco afirmou que “os direitos sociais não são gratuitos”.
“A riqueza para sustentá-los está disponível, mas requer decisões políticas adequadas, racionais e equitativas. O Estado, hoje mais importante do que nunca, é chamado a desempenhar este papel central de redistribuição e justiça social”, disse o papa.
Em resposta, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, afirmou que “o bendito Estado atual tirou tudo e não deu nada” a muitos argentinos.
“Em algumas [frases do papa] não concordamos e é muito bom que assim seja. Em todo caso, o papa é um líder espiritual e nós governamos a Argentina, com problemas por todos os lados”, disse Adorni em entrevista coletiva, segundo o jornal Clarín.
O porta-voz relembrou a posição de Milei de questionar “a lógica de tirar de um para dar a outros a critério do funcionário [eleito] do momento” e que esse conceito gerou “na Argentina e no resto do mundo” uma realidade em que “50% [da população] é pobre”.
“Isso significa que o bendito Estado atual tirou tudo de muitos milhões de argentinos e não lhes deu absolutamente nada”, afirmou Adorni.
“O presidente entende que podem ser frases ou palavras muito bonitas ao ouvido, mas que não fizeram outra coisa. É claro, 20 anos falando de justiça social, e a verdade é que as pessoas não querem isso, demonstraram nas urnas”, disse o porta-voz, em referência à vitória de Milei na eleição presidencial de 2023 sobre o peronista Sergio Massa.
No passado, Milei fez duras críticas a Francisco, a quem chamou de “imbecil” e “representante do maligno na Terra”. Depois, pediu desculpas e este mês o visitou no Vaticano.