Locaute em Gualeguaychu, em junho passado: campo volta a incomodar governo| Foto: Bernardino Avila/Reuters

Comércio sem dólar entre Argentina e Brasil é lançado hoje

O lançamento oficial do Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML) no comércio entre a Argentina e o Brasil, previsto inicialmente para amanhã, foi antecipado para hoje, às 19 horas, na sede do Banco Central da Argentina. A solenidade contará com a presença do presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles.

Leia a matéria completa

CARREGANDO :)

Buenos Aires - O filme se repete na Argentina: os produtores rurais voltam aos protestos em todo o país sob o argumento de que o governo não toma medidas concretas para o setor, enquanto o Executivo os acusa de preferir as medidas de força em lugar de negociar. O governo argentino pediu ontem "reflexão" aos produtores rurais e os acusou de interromper o diálogo, com a decisão de fazer um locaute de seis dias a partir de amanhã. O diálogo de surdos e mudos voltou a se instalar entre o campo e o governo de Cristina Kirchner.

"Esta medida nos surpreendeu muito porque não esperávamos um protesto em um momento em que vínhamos dialogando, inclusive íamos voltar a nos reunir nesta semana", afirmou o secretário de Agricultura, Carlos Cheppi, na noite de terça-feira. Segundo ele, o locaute "impede a continuação do diálogo", já que se um "setor anuncia um protesto é porque não quer dialogar". O conflito entre o campo teve início em março e durou até julho, com a derrota do aumento dos impostos sobre exportações (as chamadas retenciones). Desde então, as entidades rurais tentam negociar com o governo uma política para o setor, mas nenhuma medida concreta foi anunciada.

Publicidade

"Fizemos muitas coisas neste tempo. É um momento no qual a política internacional e a crise financeira nos apresentam um panorama difícil. Nesse contexto, esta medida de protesto ajuda muito pouco o país", reclamou Cheppi. As quatro entidades rurais mais representativas da Argentina anunciaram na terça-feira a volta do locaute e dos protestos por um período inicial de seis dias. O motivo é o mesmo que detonou a maior crise de sua história entre o governo e o setor agropecuário, em março deste ano: elevadas taxas sobre exportações, controles de preços e limitações para as exportações de carne, trigo e milho. O presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, criticou a falta de diálogo do governo. Segundo ele, Cheppi se sentou poucas vezes para negociar neste período e nunca apresentou uma proposta concreta para os problemas apresentados pelo setor.