O governo colombiano admitiu que deve colocar na reserva mais de 150 oficiais, entre eles um almirante, e 300 soldados de suas forças militares, por suspeitas de vínculos com o narcotráfico, o que representa um forte golpe para a política de segurança implementada pelo presidente Alvaro Uribe.
O ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, assegurou que no seu primeiro ano teve que aplicar a chamada "faculdade discricional" que permite colocar na reserva oficiais, sem maiores explicações, por suspeitas de terem ligações com narcotraficantes.
Entre os acusados está o almirante Gabriel Arango Bacci, um alto oficial da Armada (Marinha de guerra), que foi chefe da Casa Militar (protocolo) da Presidência da República, diretor da escola de cadetes e comandante da base caribenha na ilha de San Andrés.
"Não posso negar que (a saída do almirante) está relacionada com o tráfico de drogas, mas não posso dar mais detalhes", disse o Ministro Santos, confirmando informações divulgadas pela imprensa.
Arango Bacci "foi chamado para classificar certos serviços e há uma investigação em estágio avançado, mas qualquer informação adicional pode prejudicar o andamento das pesquisas", disse. O almirante negou, nesta sexta-feira, as acusações e disse que está profundamente sensibilizado.
Esse caso se soma ao escândalo ocorrido no Exército, após ser revelado que altos oficiais estiveram trabalhando com Diego Montoya, líder de um importante cartel e por quem os Estados Unidos oferecem cinco milhões de dólares.
As investigações revelaram que, através de infiltrações do narcotráfico, os criminosos conseguiram utilizar instalações e comunicações do exército para, por exemplo, proteger rotas de entra e saída de cocaína, afirma a imprensa.
De acordo com a declaração de um dos soldados detidos, um grupo de militares e um agente da agência anti-drogas norte-americana (DEA) permitiram durante várias vezes a fuga de Montoya, ao divulgar nomes fictícios e revelar locais falsos, confundindo os investigadores que procuravam o criminoso.
O comandante do Exército, general Mario Montoya, minimizou as críticas dirigidas á instituição após os escândalos, e afirmou que foi graças ao trabalho de contra-inteligência que a infiltração foi descoberta.
"Não é justo que estes casos isolados tragam tantos danos à instituição. Nós temos que ser implacáveis na aplicação da lei: aqui o que se faz aqui se paga", assegurou.
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