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Egito

Governo propõe dissolver Irmandade

Militares ocupam as ruas do Cairo próximas à mesquita de Al Fath, onde manifestantes estão concentrados | Youssef Boudlal/Reuters
Militares ocupam as ruas do Cairo próximas à mesquita de Al Fath, onde manifestantes estão concentrados (Foto: Youssef Boudlal/Reuters)

O primeiro-ministro interino do Egito, Hazem el-Beblawi, propôs ontem a dissolução da Irmandade Muçulmana no país. A entidade, à qual o presidente deposto Mohammed Mursi é vinculado, afirma ter sofrido um golpe de Estado e se recusa a negociar com o governo provisório.

O movimento islâmico também convocou uma série de protestos desde julho contra a retirada de Mursi e montou dois acampamentos no Cairo. Eles foram desmontados na última quarta-feira em uma ação policial que terminou em confronto e levou a um massacre que deixou mais de 600 mortos.

Em repúdio à operação coordenada pelo governo interino, os islamitas convocaram na sexta-feira uma onda de protestos, chamada "dia de fúria". Houve novos confrontos nas manifestações, que deixaram 173 mortos e 1.330 feridos em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

A proposta de dissolução da Irmandade Muçulmana foi feita pelo chefe de governo ao Ministério de Assuntos Sociais, responsável por licenciar entidades não governamentais. De acordo com o porta-voz da pasta, Sharif Shawky, o pedido está em estudo. "A reconciliação está aí para aqueles cujas mãos não estão sujas de sangue", disse Shawky, em crítica ao movimento, considerado pelo governo interino como responsável pelas mortes durante a ação militar de quarta e os protestos de sexta.

A Irmandade Muçulmana foi registrada como organização não governamental em março, em resposta a um processo legal movido por opositores ao grupo que contestavam sua legalidade. Foi a primeira vez que o movimento islâmico conseguiu o reconhecimento do governo.

O grupo, fundado em 1928, foi dissolvido em 1954 pelo regime militar egípcio e considerado ilegal até o início deste ano, quando o país era governado por Mursi. Seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça, foi estabelecido em 2011, após a queda do ditador Hosni Mubarak.

Mesquita

Segundo o Ministério da Saúde, 95 das 173 pessoas mortas em todo o país estavam na praça Ramsés, palco do maior ato dos islamitas contra o governo interino no Cairo na quinta-feira. Outras 596 pessoas ficaram feridas na ação. No entanto, a Irmandade Muçulmana afirma que os mortos passaram de cem.

Parte dos corpos está na mesquita de Al Fath, perto da praça, que foi usada pelos islamitas como hospital e necrotério improvisados durante a manifestação. Ontem, houve relatos de troca de tiros entre os manifestantes remanescentes e a polícia do lado de fora do templo.

Irmão do líder da Al-Qaeda é preso durante blitz

As forças de segurança do Egito afirmaram ontem que prenderam um irmão de Ayman al-Zawhari, líder da rede terrorista Al-Qaeda. Segundo as autoridades, Mohammed al-Zawhari foi detido em uma blitz no bairro de Gizé, no Cairo.

Ele é acusado de envolvimento nos últimos ataques a militares na cidade de Al Arish, na Península do Sinai. A entidade, que chefia o grupo radical islâmico Jihadi, é uma das que operam na região.

A área, que faz fronteira com Israel, é alvo de uma operação do Exército contra radicais islâmicos, iniciada em junho. As ações dos grupos radicais aumentaram após a deposição do presidente islamita Mohammed Mursi, que foi retirado do poder pelos militares em 3 de julho.

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