O governo provisório da Grécia foi empossado ontem para liderar o país até as eleições de junho, após um pleito inconclusivo no último dia 6 não permitir que as lideranças partidárias selassem um acordo para a formação de um governo de coalizão no Parlamento.
As pesquisas de intenção de voto indicam que aumentou o apoio ao partido Coalizão de Esquerda radical (Syriza), que defende a suspensão das medidas de austeridade acertadas com os credores. As pesquisas também mostram que cresceu o apoio ao partido Nova Democracia, de centro-direita, mas o cenário permanece incerto. As eleições deverão ocorrer em 17 de junho.
O gabinete de 16 membros tomou posse em cerimônia no palácio presidencial, em Atenas. Num ato meramente formal, também assumiram 300 parlamentares, que ocuparão as cadeiras apenas até sábado, quando o Parlamento deverá ser dissolvido com o anúncio formal da data das novas eleições.
O governo será liderado pelo chefe do Conselho de Estado, Panagiotis Pikrammenos, que assumiu como premiê interino na quarta-feira. Prikramenos, de 67 anos, substituiu Lucas Papademos um ex-vice-presidente do Banco Central Europeu , que foi escolhido em novembro para liderar um governo de união e que foi incumbido de negociar o pacote de ajuda no valor de 130 bilhões de euros e a reestruturação da dívida do país.
O fracasso na formação de um governo de união levantou dúvidas sobre o futuro da Grécia na zona do euro, uma vez que os partidos de oposição são contrários às medidas de austeridade impostas ao país em troca do auxílio financeiro.
Ontem, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, de 37 anos, ameaçou cortar o pagamento da Grécia aos credores se a União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) suspenderem o crédito ao país. Tsipras alertou que a UE também depende da Grécia.
Em entrevista ao jornal Wall Street Journal, dos EUA, Tsipras afirmou que um colapso financeiro da Grécia arrastaria consigo o resto da zona do euro. Para evitar isso, acrescentou, a UE deveria considerar uma política mais voltada ao crescimento, para conter a recessão e lidar com a "crise humanitária" que a Grécia atravessa.
"Nossa primeira opção é convencer nossos parceiros europeus de que, em seu próprio interesse, o crédito não pode ser interrompido. Se não conseguirmos convencê-los porque não temos a intenção de tomar medidas unilaterais e se eles prosseguirem com ações unilaterais da parte deles, ou, em outras palavras, se eles cortarem nosso crédito, então seremos forçados a suspender os pagamentos a nossos credores", disse o político.
Pesquisas recentes de intenção de voto indicam que o movimento Syriza deverá ser o mais votado na eleição parlamentar grega de 17 de junho, superando sua surpreendente segunda colocação na votação de 6 de maio.