A Síria está disposta a conversar com grupos armados de oposição, disse o ministro para a reconciliação nacional, nesta segunda-feira (18), na primeira vez que o governo ofereceu manter negociações diretas com forças rebeldes.
Não ficou claro se os comentários de Ali Haidar, que não está no círculo mais próximo do presidente Bashar al-Assad, refletem uma mudança substantiva na política do país.
Assad disse em janeiro que não haveria diálogo com pessoas que ele chamou de traidores ou "fantoches feitos pelo Ocidente".
O abismo político entre o governo e os rebeldes e uma falta de influência da oposição sobre os combatentes rebeldes permitiram que o conflito chegasse a 23 meses na Síria. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que cerca de 70 mil pessoas foram mortas neste período.
Um impasse diplomático internacional tem impedido uma intervenção eficaz.
Autoridades sírias não deram nenhuma resposta formal a várias ofertas de negociações por parte da principal coalizão de oposição. Haidar disse na semana passada que Damasco não tinha recebido um convite para negociações.
"Nós, o governo e eu pessoalmente, vamos reunir, sem exceções, os grupos de oposição sírios dentro e fora (da Síria)", disse ele na segunda-feira durante uma sessão parlamentar.
"O presidente do país disse que vamos tentar (conversar) com todos que são contra nós politicamente. E mesmo aqueles que usam armas, temos de tentar com eles", afirmou, sem dar detalhes.
Ele advertiu que quaisquer "conversações preliminares" eram diferentes do Diálogo Nacional, uma proposta de reconciliação feita por Assad que autoridades disseram que deve ser realizada em Damasco e apenas com membros da oposição "sem sangue nas mãos".
"Com relação às negociações, a porta está aberta", declarou Haidar.
George Sabra, um vice-presidente da oposicionista Coalizão Nacional Síria, disse que orientações que a coalizão vai apresentar para discussão em uma assembleia na quinta-feira explicam que não haverá diálogo antes que Assad renuncie.
"(As diretrizes preveem) que não há conversas formais e informais com o regime sírio se Bashar al-Assad e sua equipe ainda estiverem no poder", disse Sabra à Reuters em uma conferência em Estocolmo.
"Eles têm que deixar o poder. Então nós podemos começar o diálogo, com os outros que não dão quaisquer ordens para matar pessoas, para prejudicar o país."