As autoridades na capital tailandesa, Bangcoc, insistiam nesta terça-feira que não podiam aliviar a crise provocada pelas inundações para todos na cidade, enquanto crescia a irritação popular nas regiões já inundadas devido à falta de ajuda oficial.
Embora algumas regiões da capital se mantenham secas, a situação é crítica em diversos distritos, onde vizinhos protestam energicamente que suas casas foram sacrificadas para salvar as zonas centrais da cidade.
As piores inundações na Tailândia em várias décadas, provocadas por chuvas pesadas da temporada de monções, já deixaram um saldo de 380 pessoas mortos e afetaram as casas e a vida de milhares de outros cidadãos em todo o país.
A primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e as autoridades locais de Bangcoc mantiveram disputas públicas sobre a quantidade de água que deveria ser canalizada através de comportas em direção ao norte da capital para aliviar a pressão nas comunidades inundadas.
Na segunda-feira, Yingluch cedeu às demandas dos manifestantes e ordenou que uma comporta no distrito de Khlong Sam Wa fosse elevada em um metro para permitir a passagem de água e aliviar a região vizinha.
No entanto, o governador de Bangcoc, Sukhumbhand Paribatra, advertiu na terça-feira que esta decisão pode deixar outras áreas da cidade, incluindo a zona industrial, correndo o risco de sofrer novas inundações, caso outras comportas mais ao norte não sejam completamente fechadas.
O funcionário acrescentou que, embora compreenda a luta dos vizinhos contra as águas, deve considerar o contexto geral e manter seco o coração econômico e político da cidade.
"Às vezes tenho que ser duro com as demandas da minoria em benefício da maioria", disse o governador em uma coletiva de imprensa.
O centro de Bangcoc ficou quase completamente a salvo de uma enorme inundação depois que foram instaladas barreiras ao longo do rio Chao Phraya, que permitiram evitar um transbordamento da água durante a maré alta de primavera, no último fim de semana.
Mas em distritos como em Bang Phlat, a apenas 5 km do centro Bangcoc, algumas casas ficaram seriamente danificadas e as ruas se converteram em canais de água suja, sem que existam previsões de ajuda oficial.
"Quero que o governo venha nos ajudar. Pedimos ajuda, mas ninguém veio. Pedimos botes, comida, remédios, mas não veio nada", disse Pailin Sontana, de 58 anos, enquanto caminhava submerso até a cintura em uma espessa água de cor marrom.
Jate Sopitpongstorn, porta-voz da Administração Metropolitana de Bangcoc (BMA), disse que foram incapazes de ajudar a todos porque diversos vizinhos "negaram-se a deixar suas casas para ficar em nossos refúgios".
"Temos um número limitado de veículos e botes das Forças Armadas e não podemos chegar a cada rua para distribuir comida e água três vezes ao dia", disse.