O governo americano está considerando restringir o acesso dos americanos à rede social chinesa TikTok devido à preocupações sobre se a plataforma estaria sendo usada pelas lideranças de Pequim como um meio de vigilância e propaganda. A informação foi revelada pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta segunda-feira (6), em entrevista à Fox News.
"Estamos levando isso muito a sério e certamente estamos analisando", disse, acrescentando que o governo de Donald Trump está lidando com "os problemas" de ter a tecnologia Huawei nas redes de telecomunicação 5G e que já declarou a ZTE, outra telecom chinesa, um perigo para a segurança nacional americana. "Com relação aos aplicativos chineses nos telefones celulares das pessoas, posso garantir que os Estados Unidos também vão tomar a atitude correta", afirmou, sem dar mais detalhes.
Pompeo disse ainda que os americanos só devem baixar o aplicativo da TikTok em seus celulares se "quiserem que suas informações privadas nas mãos do Partido Comunista Chinês".
Resposta da TikTok
Em um comunicado após as declarações de Pompeo, a TikTok afirmou que é uma empresa liderada por um CEO americano, com centenas de funcionários e com os principais líderes em segurança, proteção, produto e políticas públicas [atuando] nos EUA. "Não temos prioridade maior do que promover uma experiência segura para nossos usuários. Nós nunca fornecemos dados do usuário ao governo chinês, nem o faríamos se solicitado".
O aplicativo pertence à startup chinesa ByteDance, baseada em Pequim. Só nos primeiros três meses de 2020 foi baixado por mais de 300 milhões de usuários.
O governo americano vê com desconfiança as empresas chinesas que têm acesso a amplas bases de dados e alega que uma lei de segurança nacional da China força as empresas baseadas no país a compartilhar dados com o governo central chinês caso sejam solicitadas. Porém, a TikTok diz que os centros de dados de seus usuários estão localizados fora da China e que nenhum desses dados é objeto da lei de segurança chinesa, segundo noticiou a CNN Business. As informações dos usuários americanos são mantidas em servidores que ficam nos EUA, com um backup em Cingapura.
TikTok na Índia
Na semana passada, a Índia baniu 59 aplicativos chineses, inclusive o popular TikTok. O Ministério de Informação e Tecnologia do país disse que "recebeu muitas reclamações, de várias fontes, com vários relatos de mau uso de alguns aplicativos para celular... por roubar e sorrateiramente transmitir dados de usuário, sem autorização, a servidores fora da Índia". A pasta conclui que essa prática "colide com a soberania e a integridade da Índia".
O banimento veio depois de um conflito entre Índia e China na fronteira entre os dois países asiáticos, que terminou com a morte de 20 soldados indianos. Na Índia, muitos cidadãos foram às ruas para promover um boicote contra empresas chinesas.
Como resultado da decisão governo, a TikTok e outros aplicativos, como o popular buscador UC Browser, passarão a ser bloqueados por servidores e suas atualizações não estarão mais disponíveis para download nas lojas de aplicativos, como o Google Play e a App Store. Mais de 100 milhões de usuários ativos da TikTok na Índia serão afetados com essa proibição.
Em resposta, a TikTok afirmou que a equipe de cerca de 2 mil funcionários da ByteDance que atua na Índia "está comprometida em trabalhar com o governo para demonstrar nossa dedicação à segurança do usuário e nosso compromisso com o país em geral".
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