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Centro de Ancara no domingo (no alto) e ontem, sem protestos | Dado Ruvic/Reuters
Centro de Ancara no domingo (no alto) e ontem, sem protestos| Foto: Dado Ruvic/Reuters

Reação

Chanceler alemã critica ação da polícia durante protestos

Agência Estado

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou ontem estar "chocada" com os acontecimentos do último fim de semana em Istambul, onde forças policiais da Turquia agiram para "limpar" o Parque Gezi, palco principal de mais de duas semanas de protestos contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

"O que está acontecendo neste momento na Turquia não corresponde a nossa ideia de liberdade de protesto e de liberdade de expressão", disse Merkel.

Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que as semanas de protesto já somam cinco mortes e mais de 5 mil feridos.

A Alemanha é a maior economia da Europa e elemento-chave na tomada de decisões da União Europeia (UE). O país também mantém laços estreitos com a Turquia, uma vez que imigrantes turcos e seus descendentes compõem a maior minoria da Alemanha.

A Turquia é um país candidato a ingressar na União Europeia, mas enfrenta resistência de um grande número de integrantes do bloco. Outros candidatos são Macedônia, Islândia, Montenegro, Sérvia e Turquia.

O governo da Turquia ameaçou ontem usar o Exército para conter manifestações pelo país. A declaração, vinda do vice-premiê, Bülent Arinc, se deu após a expulsão, no fim de semana, dos manifestantes que acampavam no parque Gezi, em Istambul.

Em entrevista a um canal turco, Arinc defendeu a polícia e disse que o governo usará todos os meios para dissolver protestos.

"O que é exigido de nós é que paremos um protesto que seja contra a lei. Há a polícia [para isso], se não for suficiente, há as Forças Armadas", disse. "Eles usarão a autoridade que lhes foi dada. Ninguém deve reclamar da polícia."

Ontem, mais confrontos ocorreram em Istambul e na capital, Ancara. A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água para dispersar os manifestantes que tentavam voltar à Praça Taksim e ao vizinho Parque Gezi.

Os protestos de ontem foram liderados pelos dois principais sindicatos de trabalhadores do país, que convocaram uma greve geral de um dia, para tentar paralisar as atividades do governo. Dentre as categorias que aderiram, estavam funcionários públicos, médicos, engenheiros e advogados.

Em Ancara, centenas de manifestantes, carregando bandeiras dos sindicatos, se reuniram na Praça Kizilay. A polícia também conteve os ativistas com jatos d’água.

Segundo o Conselho de Advogados turco, cerca de 500 pessoas foram presas desde domingo. Dentre elas, cerca de 400 teriam sido detidas em Istambul e o resto em Ancara.

Segundo a oposição, desde o início dos protestos, a polícia usou cerca de 15 mil cápsulas de gás e 3 mil toneladas de água contra os ativistas.

Os protestos e a repressão policial já levaram a um aumento do apoio à oposição.

Uma pesquisa MetroPoll divulgada ontem mostra que 22,7% dos entrevistados votariam no principal partido de oposição, o secular CHP (Partido Republicano Popular. Em abril, o apoio era de apenas 15,3%. Os apoiadores do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento), de Erdogan, foram de 36% para 35,3%.

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