Governos árabes deram na madrugada de sábado (horário local) um voto de confiança ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, e pediram a volta à situação anterior aos combates que levaram o grupo islâmico Hamas a controlar a Faixa de Gaza.
Mas, após reunião de seis horas no Cairo, os chanceleres árabes também manifestaram apoio ao Parlamento palestino, que é dominado pelo Hamas.
"Estamos apoiando o presidente Abbas e estamos apoiando a Assembléia Legislativa eleita", disse o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, em entrevista coletiva.
Uma declaração conjunta dos 22 membros da Liga Árabe condenou "os atos criminosos recentemente cometidos em Gaza".
O Hamas se impôs em Gaza na sexta-feira, após seis dias de batalhas contra as forças da facção Fatah. Apesar do seu domínio se restringir agora à Cisjordânia, Abbas dissolveu o gabinete, que era comandado pelo Hamas, e nomeou um novo primeiro-ministro, além de declarar estado de emergência.
Os chanceleres árabes disseram ter pedido "uma volta à situação em Gaza ao que era antes dos fatos recentes, a prevenção de quaisquer atos de violência na Cisjordânia e a preservação da unidade do território palestino."
Moussa apoiou a idéia de um novo governo formado por pessoas independentes das facções. "Isso daria uma chance para a compreensão no contexto da unidade nacional", afirmou.
Há três meses, o Hamas trouxe membros da Fatah para um governo de "unidade", numa tentativa de conter a violência em Gaza e reverter as sanções internacionais.
Os governos árabes decidiram criar uma comissão para analisar os últimos acontecimentos em Gaza e entregar um relatório aos chanceleres dentro de um mês.
A resolução parece inclinada em favor de Abbas e da sua Fatah, refletindo o predomínio de governos árabes simpáticos aos Estados Unidos e hostis aos militantes islâmicos.
Mas o texto foi mais brando com o Hamas do que uma declaração anterior do governo egípcio, que condenava os avanços do grupo na quinta-feira e dava forte aval a Abbas.
Outro governo árabe conservador, o saudita, que mediou o acordo de fevereiro que levou à formação do governo de unidade entre Hamas e Fatah, recriminou ambos os lados por violarem seus compromissos.
Em discurso, o chanceler saudita, Saud Al Faisal, disse que os últimos confrontos só servem aos interesses de Israel. "Hoje os palestinos chegaram perto de colocarem o último prego no caixão da causa palestina", afirmou. "As lideranças palestinas devem agora emitir uma ordem, não só para parar os combates imediatamente, mas também para proibir os combates e retornar ao diálogo."
Sobre o Líbano, os chanceleres decidiram pressionar o governo libanês a controlar sua fronteira com a Síria e prometeram assistência às Forças Armadas libanesas.
Eles condenaram o assassinato do deputado anti-sírio Walid Eido, vítima de um atentado na quarta-feira em Beirute, e também prometeram ajudar o país a lidar com os problemas derivados da presença de palestinos armados no Líbano, mas fora dos campos de refugiados do país, segundo a nota.