Londres Populações civis em todo o planeta estão sendo ameaçadas por governos poderosos e grupos armados que fomentam um clima de terror para assegurar seu poder, disse ontem a Anistia Internacional. Em seu relatório anual, a ONG diagnosticou que a chamada "política do medo" criou em 2006 "um mundo tão polarizado quanto no auge da Guerra Fria, e de muitas formas é muito mais perigoso".
A leitura é cheia de dados perturbadores como a perseguição a escritores na Turquia, o assassinato de militantes de esquerda nas Filipinas e o aumento da violência no Brasil. "A política do medo está alimentando uma espiral de abuso de direitos humanos na qual nenhum direito é sacrossanto e ninguém está seguro", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan.
"A guerra contra o terror e a guerra no Iraque, com seu catálogo de abusos de direitos humanos, criaram divisões profundas que lançam uma nuvem sobre as relações internacionais, tornando mais difícil resolver os conflitos e proteger os civis", acrescentou.
Para a organização, existe um "arco de instabilidade" que se estende do Paquistão à região conhecida como o Chifre da África, onde estão a Somália e a Etiópia, passando pelo Oriente Médio. Esta seria uma faixa de "estados falidos".
Ao mesmo tempo, a comunidade internacional tem se mostrado "indisposta" ou simplesmente "impotente" diante de conflitos como o que há um ano opôs o grupo militante Hezbollah e Israel e deixou mais de mil mortos.
Irene Khan pediu que governos e políticos em todo o mundo dediquem ao tema dos direitos humanos entusiasmo igual ao que tem sido demonstrado atualmente em relação ao tema da mudança climática.