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Irã

Grã-Bretanha exige libertação imediata de marinheiros capturados

O governo britânico exigiu do Irã nesta sexta-feira (23) a imediata libertação de quinze militares britânicos capturados pela força naval do regime de Teerã em águas territoriais iraquianas, um incidente que deixa ainda mais tensa e difícil a relação entre os países.

Os militares, membros da Royal Navy, realizavam operações rotineiras de inspeção em águas territoriais iraquianas quando foram detidos por navios da Marinha iraniana por volta das 10h30 (horário local), informou o Ministério da Defesa do Reino Unido.

Em comunicado, a Defesa explicou que o pessoal capturado tinha acabado a inspeção, com sucesso, de um navio mercante quando suas duas embarcações foram rodeadas e escoltadas por navios iranianos até águas territoriais do país.

Os militares, infantes de Marinha que pertencem à fragata HMS Cornwall, foram capturados à mira de pistolas, segundo a rede britânica "BBC".

O governo inglês se apressou a exigir a pronta libertação dos militares ao embaixador iraniano na capital britânica, Rasoul Mavahedian, convocado em caráter de urgência pelo Ministério de Assuntos Exteriores.

A chefe da diplomacia britânica, Margaret Beckett, assegurou que estava "extremamente preocupada" com o acontecido e que tinha exigido do regime de Teerã "uma explicação completa", em declarações feitas em sua circunscrição eleitoral em Derby (norte da Inglaterra).

"Não ficou dúvida alguma para ele (o embaixador iraniano) que queremos que devolvam os nossos marinheiros", acrescentou Beckett, destacando que os militares estavam em águas territoriais iraquianas e atuavam de conformidade com a resolução 1723 da ONU, em apoio ao governo de Bagdá para acabar com as práticas de contrabando.

A detenção dos militares aconteceu de forma "completamente pacífica", sem disparos, disse o capitão da fragata HMS Cornwall, Nick Lambert, em entrevista à "BBC".

Lambert está no comando de uma das três forças marítimas da coalizão liderada pelos EUA que patrulham o Golfo Pérsico para manter a segurança nas águas territoriais iraquianas e proteger a infra-estrutura marítima.

O oficial assinalou que acredita ter acontecido "um simples erro" sobre águas territoriais. "Não tenho absolutamente nenhuma dúvida que eles (os militares capturados) estavam em águas territoriais iraquianas. Igualmente, os iranianos podem reivindicar que estavam em águas territoriais iranianas", explicou.

"A extensão e a definição das águas territoriais nesta parte do mundo é muito complicada. Podemos descobrir, e espero que o descubramos, que nos encontramos diante de um simples mal-entendido a um nível tático", continuou.

A detenção aconteceu na região do disputado canal Shatt Al Arab, limítrofe entre Iraque e Irã e cujo controle deu início à guerra entre ambos os países na década de 80.

Apesar da pouca comunicação, Lambert disse que supostamente os quinze militares estão a salvo.

A detenção acontece em um momento de grande tensão entre o Irã e a comunidade internacional, especialmente Estados Unidos e Reino Unido, por causa das atividades nucleares iranianas.

O ministro de Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, acusou esta semana o Reino Unido de "sabotar" os esforços para encontrar uma saída pacífica para a disputa pelo programa atômico iraniano, e afirmado que seu país "responderá a essa insolência britânica".

O Conselho de Segurança estuda uma minuta de resolução, estipulada por seus cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) para endurecer as sanções ao Irã por sua recusa a suspender o enriquecimento de urânio.

O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004 quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de ter entrado de forma ilegal nas águas jurisdicionais do Irã, no Golfo Pérsico.

Irã confirma

O governo do Irã confirmou a captura dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos, mas disse que eles estavam em seu território -e não em águas iraquianas, como alegaram os europeus.

O Irã afirma que planejava fazer exercícios militares no local até o próximo dia 30. Na região, o país está construindo uma central nuclear na província de Busher. Segundo o comandante das Forças Navais do país, o general Sayad Koyki, os iranianos "mostraram sua capacidade defensiva".

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