Os partidos políticos britânicos deveriam trabalhar juntos para projetar um plano confiável para combater o déficit orçamentário recorde, e não ficar distraídos por uma disputa sobre quando iniciar um aperto fiscal.
Nick Clegg, líder do Partido Liberal Democrata, terceira maior legenda britânica, disse à Reuters que o governo trabalhista e a oposição conservadora estão se perdendo na disputa interna antes das eleições nacionais da próxima semana.
Pesquisas de opinião indicam que o apoio de Clegg será decisivo para decidir qual dos dois partidos formará o próximo governo depois que os britânicos votarem em 6 de maio.
"(Há) uma grande circunstância agora para os políticos dos partidos debaterem uns com os outros, sem considerar o resultado da eleição geral, para dizer a verdade às pessoas sobre quão ruim o déficit estrutural é e qual a forma necessária para lidar com ele", afirmou Clegg.
"Tentaremos ter um papel ativo, na oposição ou no governo, certificando-nos de que faremos um plano confiável para a redução sustentável do déficit", disse Clegg enquanto retornava de trem para Londres após fazer campanha na sexta-feira na cidade de Sheffield, localizada no norte da Inglaterra.
Pouco abaixo dos 12 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) no ano fiscal 2009-2010, o déficit orçamentário britânico está proporcionalmente se aproximando ao da Grécia, que chegou a 13,6 por cento no ano passado.
Entretanto, a posição do déficit britânico é considerada muito mais segura, pois a média dos prazos de vencimento dos títulos do governo britânico é muito mais longa do que a apresentada pela Grécia. Embora a dívida pública no Reino Unido esteja crescendo rapidamente, ela segue muito menor que a grega em proporção ao PIB.
Mas o próximo governo, seja qual for o partido, terá que cortar despesas e aumentar impostos para controlar o déficit.
"O debate foi sequestrado por uma questão técnica sobre quando exatamente começar a contração fiscal", disse Clegg. "O momento preciso da contração fiscal é muito menos importante do que se você tem de verdade um plano confiável para começar a lidar com o déficit estrutural."
Os conservadores estão à frente nas pesquisas, mas por uma margem muito pequena para assegurar uma vitória completa, enquanto um inesperado crescimento dos liberais democratas deixou o partido competindo com os trabalhistas pelo segundo lugar.