A violação de privacidade pelo governo dos Estados Unidos que veio à tona após a revelação de um sistema secreto de coleta de informações de telefones e internet atinge usuários de todo o mundo, e não apenas de cidadãos norte-americanos como se chegou a divulgar na quinta-feira.
O programa chamado Prism (prisma, em inglês), operado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), conforme revelou os jornais The Guardian e Washington Post, compila áudios, e-mails, fotos, vídeos e outros dados de usuários de empresas internet, como Google, Microsoft, Apple e Facebook. O sistema do governo também tem acesso a informações de empresas telefônicas, como a gigante Verizon.
Através do Prism, os funcionários podem acessar os registros de usuários de todo o mundo em sistemas que operem sob a base legal dos Estados Unidos, sem a necessidade de autorização judicial.
Quando a NSA encontra uma comunicação considerada suspeita, ela é separada e registrada como "informe". Segundo o relatório da agência, mais de 2 mil informes são acumulados por mês. Desde que o programa entrou em vigor, em 2007, foram emitidos cerca de 77 mil informes.
As empresas de internet que teriam sido violadas negam conhecimento sobre o Prism e dizem que os dados só são obtidos pelo governo norte-americano por petição judicial. Google, Apple e o Facebook afirmaram que as ordens judiciais são entregues após avaliação criteriosa das ordens judiciais.
"O Facebook não é nem nunca foi parte de nenhum programa para dar aos EUA ou a qualquer governo acesso direto aos nossos servidores. Não tinha sequer ouvido falar de Prism até ontem (quinta-feira)", reagiu o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
Código
A interceptação de informações faz parte do chamado Código Patriótico (Patriot Act, em inglês), aprovado em 2001 durante o governo de George W. Bush. O documento inclui uma série de medidas para evitar o avanço de terroristas no país e é uma resposta aos atentados do 11 de Setembro.
A revelação de detalhes do sistema de espionagem, na quinta-feira, provocou uma onda de críticas por parte de defensores de direitos civis e líderes democratas.
Ontem, o diretor da Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, afirmou que os esforços são legais, limitados e necessários para detectar ameaças terroristas. Ele disse ainda que as informações coletadas não atingem cidadãos americanos.