Sem fronteiras
Serviço de espionagem britânico obteve acesso a sistema americano
Agência Estado
O Reino Unido tem compilado, secretamente, dados de comunicações de gigantes da internet dos Estados Unidos com a ajuda da Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana, segundo o jornal The Guardian.
O diário afirma ter documentos que mostram como o serviço de inteligência britânico (GCHQ) teve acesso ao sistema norte-americano de escutas Prism a partir de junho de 2010, acrescentando que os dados geraram cerca de 200 relatórios de inteligência no último ano.
O GCHQ recusou-se ontem a comentar sobre o assunto, limitando-se a assegurar apenas que leva suas obrigações legais "muito a sério".
O Guardian informa que as provas do envolvimento do GCHQ vieram da mesma apresentação de 41 páginas de Powerpoint que foi a fonte das matérias publicadas tanto pelo jornal britânico quanto pelo Washington Post sobre o Prism, um programa de espionagem até então desconhecido usado para coletar e-mails, áudio, vídeo e outros dados de grandes empresas de internet como Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple.
Enquanto o Prism tem como alvo, em tese, dados de estrangeiros em solo estrangeiro, o Post noticiou que os espiões precisavam simplesmente acreditar que havia mais do que uma pequena chance de o alvo ser estrangeiro antes de começar a colher seus dados.
O jornal também citou um material de treinamento que diz que espionar os norte-americanos inadvertidamente "não é algo com o que se preocupar".
Não está claro se as autoridades britânicas serão alvo das mesmas restrições no que diz respeito a seus próprios cidadãos.
A violação de privacidade pelo governo dos Estados Unidos que veio à tona após a revelação de um sistema secreto de coleta de informações de telefones e internet atinge usuários de todo o mundo, e não apenas de cidadãos norte-americanos como se chegou a divulgar na quinta-feira.
O programa chamado Prism (prisma, em inglês), operado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), conforme revelou os jornais The Guardian e Washington Post, compila áudios, e-mails, fotos, vídeos e outros dados de usuários de empresas internet, como Google, Microsoft, Apple e Facebook. O sistema do governo também tem acesso a informações de empresas telefônicas, como a gigante Verizon.
Através do Prism, os funcionários podem acessar os registros de usuários de todo o mundo em sistemas que operem sob a base legal dos Estados Unidos, sem a necessidade de autorização judicial.
Quando a NSA encontra uma comunicação considerada suspeita, ela é separada e registrada como "informe". Segundo o relatório da agência, mais de 2 mil informes são acumulados por mês. Desde que o programa entrou em vigor, em 2007, foram emitidos cerca de 77 mil informes.
As empresas de internet que teriam sido violadas negam conhecimento sobre o Prism e dizem que os dados só são obtidos pelo governo norte-americano por petição judicial. Google, Apple e o Facebook afirmaram que as ordens judiciais são entregues após avaliação criteriosa das ordens judiciais.
"O Facebook não é nem nunca foi parte de nenhum programa para dar aos EUA ou a qualquer governo acesso direto aos nossos servidores. Não tinha sequer ouvido falar de Prism até ontem (quinta-feira)", reagiu o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
Código
A interceptação de informações faz parte do chamado Código Patriótico (Patriot Act, em inglês), aprovado em 2001 durante o governo de George W. Bush. O documento inclui uma série de medidas para evitar o avanço de terroristas no país e é uma resposta aos atentados do 11 de Setembro.
A revelação de detalhes do sistema de espionagem, na quinta-feira, provocou uma onda de críticas por parte de defensores de direitos civis e líderes democratas.
Ontem, o diretor da Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, afirmou que os esforços são legais, limitados e necessários para detectar ameaças terroristas. Ele disse ainda que as informações coletadas não atingem cidadãos americanos.
EUA podem usar Moraes no banco dos réus como símbolo global contra censura
Ucrânia, Congo e Líbano: Brasil tem tropas treinadas para missões de paz, mas falta decisão política
Trump repete a propaganda de Putin sobre a Ucrânia
Quem é Alexandr Wang, filho de imigrantes chineses que quer ajudar os EUA a vencer a guerra da IA