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Quadro com foto de Peres na sala de um encontro especial em Jerusalém nesta quarta (28) | Ronen Zvulun
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Quadro com foto de Peres na sala de um encontro especial em Jerusalém nesta quarta (28)| Foto: Ronen Zvulun /AFP

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou o líder Shimon Peres, que morreu nesta quarta-feira (28), aos 93 anos. Reconhecido pelos esforços para alcançar uma solução ao conflitos entre Israel e Palestina com a coexistência de dois Estados, o líder é uma figura controversa para os palestinos, que, inclusive por meio de sua representatividade oficial, a Autoridade Palestina, preferiram permanecer em silêncio após a notícia.

“[Peres] Trabalhou incansavelmente para a solução de dois Estados que permitiria a Israel viver em segurança e harmonia com os palestinos e em toda a região”, afirmou Ban em referência ao ex-presidente israelense, que foi caracterizado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, como “visionário” e “paladino” da segurança do país.

“Shimon dedicou sua vida ao renascimento de nosso povo. Era um visionário que olhava para o futuro. Era também um paladino da defesa de Israel, cujas capacidades reforçou de múltiplas maneiras”, disse Netanyahu, em uma aparente referência ao envolvimento de Peres no desenvolvimento do programa nuclear israelense e das capacidades militares do país.

Shimon Peres, Nobel da Paz e um dos fundadores do Estado de Israel, morre aos 93 anos

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No centro de Tel Aviv, com lágrimas nos olhos, Liora Levy, uma israelense de cerca de 50 anos, disse ir ao trabalho com tristeza. “Era um dos melhores. É um dia terrível, um dia de pena, um dia de luto”, disse.

Mas este luto era vivido pelos israelenses sem demonstrações de dor excessivas, sem velas ou concentrações de militantes políticos, diferentemente de quando Yitzhak Rabin foi assassinado, em 1995. Eles se prepararam - contam - com os falsos alertas de cada uma de suas hospitalizações deste ano.

“Criminoso de guerra”

Mas, enquanto os compatriotas choram por Peres, os palestinos não derramavam uma só lágrima pela morte do líder, responsável, para muitos, por suas desgraças. Muitos ouvidos pela AFP não hesitaram em chamá-lo de “criminoso de guerra”.

Para Hossam Qiblaui, um comerciante de 52 anos, Peres, como outros, era um “criminoso, um carniceiro”.

“Deixou sua marca em muitos massacres, deixou mulheres viúvas, crianças órfãs”, disse, por sua vez, Tamer Daraghmeh, de 47 anos, diante de um restaurante em Ramallah, a cidade onde a Autoridade Palestina, nascida dos acordos de Oslo, tem sua sede.

Ao mesmo tempo, um porta-voz do Hamas - organização terrorista de origem palestina - comemorou a morte do ex-presidente. Já a autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente, também permanecia em silêncio.

Na Faixa de Gaza, um porta-voz do movimento islamita Hamas, que controla o território, declarou que “o povo palestino está feliz pela morte deste criminoso”. “Shimon Peres foi um dos últimos fundadores israelenses da ocupação, sua morte representa o fim de uma era na história da ocupação israelense”, declarou à AFP Sami Abi Zuhri.

Os líderes da Autoridade Palestina, estabelecida em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, e criada após os acordos de Oslo, dos quais Peres foi um dos impulsionadores, permaneciam, por sua vez, em silêncio, apesar de ser solicitados reiteradamente.

A agência oficial palestina Wafa limitou-se a anunciar a morte do político, sem fazer mais comentários.

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