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Fome

Graziano ameniza crise alimentar

Mulher vítima da seca na África prepara alimentos em campo de refugiados na Somália | Omar Faruk/Reuters
Mulher vítima da seca na África prepara alimentos em campo de refugiados na Somália (Foto: Omar Faruk/Reuters)

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricul­­tura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, disse ontem em Buenos Aires que o impacto da crise internacional nos preços dos alimentos será menor que em 2008, mas pode gerar 40 milhões de famintos. "A expectativa é de que o im­­pacto seja menor às cifras de 2008. As estimativas preliminares do Banco Mundial são de cerca de mais de 40 milhões de fa­­­mintos", disse Graziano.

Segundo o diretor da FAO, du­­rante a crise do subprime, a organização verificou um aumento de 100 milhões de pessoas famintas no mundo. "O impacto ainda é muito menor do que constatamos em 2008/2009", disse ele.

Graziano ressaltou que é cedo para uma avaliação global dos efeitos da crise de desconfiança global sobre as economias dos Es­­tados Unidos e da Europa.

"Mas existem avaliações regionais que indicam que estamos com uma média de preços dos alimentos até 50% acima dos valores do ano passado e, pelo menos, entre 10 a 20%, dependendo da região, sobre os preços de 2008/ ­­2009", detalhou.

A América Latina é um das regiões que menos sofre impactos na atual crise, segundo destacou Graziano. Ele afirmou que as consequências das turbulências in­­ternacionais para os países emergentes estão sendo mais suaves por duas razões. "O grande impacto da subida de preços de 2008 foi provocado pela rapidez da alta. Entre 2007 a 2008, os preços triplicaram, e os países não tiveram a capacidade de se mobilizar com rapidez para enfrentar o problema. Os países demoraram a reagir", reconheceu Graziano.

Agora não, continuou, afirmando que com a experiência pré­­via, e mecanismos de política adequados, os países reagiram com mais rapidez. "A reação foi mais rápida", constatou. Ele mencionou que outra diferença im­­portante entre a crise de 2008 com a atual é que, embora haja uma alta dos preços, agora não há re­­cessão.

"Os preços baixaram com a recessão, mas nas economias em desenvolvimento a recessão significa mais desemprego porque a população que não trabalha não come. É a lei da selva que temos tido na maioria dos países em desenvolvimento", observou.

Buenos Aires será sede da conferência regional da FAO no dia 26 de março de 2012.

Segundo Gra­­ziano, há dois temas centrais do encontro: a resposta dos países da região à alta de preços e a crise alimentar e a descentralização da organização.

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