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A Grécia, país com uma das maiores dívidas do mundo, está destinada a ser governada por uma nova coalizão de pelo menos dois partidos que promete criar ainda mais instabilidade política após as eleições realizadas neste domingo.

Com cerca de metade dos votos apurados, os conservadores da Nova Democracia (ND) eram os mais votados, mas não têm muito que comemorar já que os 20,22% dos sufrágios conquistados não lhes permitirá governar sozinhos.

Em segundo lugar ficou a Coalizão da Esquerda Radical (Syriza), uma formação associada ao Partido da Esquerda Europeia, com 15,9%, enquanto o tradicional partido social-democrata, Pasok, ficou com 13,9%, uma forte queda em relação à maioria absoluta de 2009.

Com estas porcentagens, a ND conseguirá 112 deputados (50 deles como prêmio por ser o partido mais votado) e o Pasok com 42, e juntos poderiam formar uma aliança que some mais da metade das 300 cadeiras do Parlamento.

Deste modo se reeditaria uma coalizão similar à impopular aliança que governou a Grécia nos últimos cinco meses sob a batuta de Lucas Papademos, mas com os conservadores como partido principal.

No entanto, esta combinação só seria possível se nenhum dos três partidos que contavam com uma percentagem abaixo, mas muito perto de 3% cruzasse este limite, indispensável para entrar no Parlamento. Caso isso aconteça, o equilíbrio eleitoral seria desfeito.

"Estamos prontos para formar um governo de salvação nacional", disse o líder da ND, Antonis Samaras, em entrevista coletiva na sede de seu partido após conhecer os resultados do pleito.

Durante o discurso, Samaras fez uma chamada a todos os partidos de orientação europeísta para pactuar um governo de coalizão.

Para incluir também os mais críticos com as medidas de austeridade, antecipou que as linhas do pacto poderiam passar por modificar os termos do memorando assinado com a União Europeia em fevereiro em troca do segundo resgate e por favorecer o desenvolvimento econômico caso o país permaneça na eurozona.

"Somos a única garantia de estabilidade política. Entendo a ira das pessoas, mas a Nova Democracia não deixará o país sem governo", manifestou.

O líder do Pasok, Evangelos Venizelos, também sugeriu hoje a criação de um Executivo de união nacional.

"Das eleições não saiu um claro vencedor e é necessário um governo de união nacional com partidos de orientação pró-europeia. Tenho certeza que o povo protegerá o futuro do país", afirmou Venizelos.

De acordo com a agência estatal "AMNA", que citou fontes do partido conservador, dirigentes da ND estariam trabalhando em uma proposta de formação de governo para apresentar aos demais partidos com representação parlamentar.

Em declarações ao canal "Mega", Panos Panayiotopulos, um dos porta-vozes da ND, ressaltou a importância de a Grécia manter "a estabilidade" e "permanecer na eurozona".

O desconcerto e o desgosto pelo empobrecimento da população, quando a Grécia se encontra no quinto ano de recessão, foram palpáveis nessas eleições.

O temor generalizado é que o novo governo corte salários e pensões, e reduza ainda mais as prestações de saúde, que já são precárias pelas duras medidas de austeridade introduzidas nos últimos dois anos.

Esse seja talvez o motivo pelo qual os partidos contrários às medidas de austeridade - Syriza (esquerda), Partido Comunista, Gregos Independentes (direita nacionalista) - receberam um respaldo maior da população.

Especialmente claro é o exemplo do partido neonazista Amanhecer Dourado que, apesar de ser um fenômeno marginal, recebeu o apoio de 6,85% dos eleitores e terá um grupo parlamentar de 21 deputados.

Esta formação fez campanha criticando duramente as medidas de austeridade e ajudando moradores de bairros operários empobrecidos, mas, especialmente, acusando os imigrantes que vivem na Grécia de serem os culpados da crise, uma mensagem que calou fundo na sociedade helena.

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