Após adiar por alguns dias o processo de expulsão de refugiados para a Turquia, a Grécia retomou as deportações nesta sexta-feira (8) - ao mesmo tempo que a Alemanha anunciou uma forte redução dos pedidos de asilo e o resto da Europa tenta solucionar a mais grave crise migratória desde o fim da II Guerra Mundial.
Os 45 migrantes, todos cidadãos paquistaneses, partiram da ilha de Lesbos a bordo de uma balsa turca, apesar dos esforços dos ativistas para impedir a segunda operação de deportação desde o anúncio do criticado acordo entre União Europeia (UE) e Turquia.
Três ativistas foram detidos quando seguraram a âncora da balsa, para tentar impedir a saída do porto de Mitilene.Outras 30 pessoas se reuniram no porto de Lesbos e gritaram frases como “Vergonha para a UE” e “Liberdade para os refugiados”.
O grupo desembarcou no porto de Dikili (oeste da Turquia), onde os migrantes serão submetidos a “controles de identidade e de saúde”, segundo uma fonte local que pediu anonimato.
Refugiados fazem protestos em fronteiras da Grécia
Leia a matéria completaUma vez registrados, os migrantes serão levados de ônibus “provavelmente para Kirklareli”, noroeste da Turquia, onde existe um campo de refugiados.
Um segundo grupo de 79 migrantes - em sua maioria paquistaneses - também deve zarpar de Lesbos, no Egeu oriental, e chegar à costa turca nas próximas horas.
As embarcações que transportam os migrantes são todas fretadas pela agência de fronteiras da UE, Frontex.
De acordo com o governo grego, a operação envolve aqueles que não solicitaram asilo na Grécia.
“Qualquer pessoa que pede asilo sai da lista”, afirmou uma fonte do Executivo à AFP.
Acordo
Segundo os termos do acordo entre a UE e Ancara concluído no mês passado em Bruxelas, todos os imigrantes que chegaram de maneira irregular às ilhas gregas a partir da Turquia a partir de 20 de março correm o risco de expulsão.
O acordo também afirma que para cada refugiado sírio devolvido, a UE receberá outro sírio que está na Turquia, até atingir o limite de 72 mil. Em troca, a Turquia receberá uma ajuda de seis bilhões de euros e no mês de junho será suspensa a exigência de visto aos cidadãos turcos em viagens para a UE.
Na segunda-feira (4), o primeiro grupo de 202 migrantes foi expulso para a Turquia a partir das ilhas de Lesbos e Quios.
Diante da situação, muitos dos 3 mil migrantes bloqueados em Lesbos correram para apresentar pedidos de asilo, o que obrigou as autoridades gregas a adiar as expulsões para ter tempo de analisar as demandas individualmente.
O acordo foi muito criticado por diversas organizações, que o chamaram de “desumano”.
Dezenas de migrantes bloqueados em Lesbos e na ilha de Samos, também próxima da Turquia, anunciaram o início de uma greve de fome para evitar a expulsão e pedir a reabertura das fronteiras nos Bálcãs.
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