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Líderes políticos se reúnem na quarta-feira (16) para formar um governo interino que comande a Grécia até uma nova eleição, a segunda em pouco mais de um mês, num momento em que a continuidade do país na zona do euro parece cada vez mais em dúvida, o que causa repercussões financeiras no mundo todo. Nove dias depois de uma inconclusiva eleição, os partidos gregos, divididos entre o apoio e a rejeição ao impopular pacote de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional ao país, desistiram de montar uma coalizão, abrindo caminho para uma repetição do pleito. As pesquisas mostram que o eleitorado está irritado por causa dos cinco anos de recessão, do desemprego recorde e dos cortes salariais dos últimos tempos. Esse sentimento se acentuou desde a votação de 6 de maio, e o partido radical esquerdista Syriza tem, segundo as pesquisas, chances de vencer a eleição com sua plataforma de rejeição ao pacote financeiro internacional. Analistas não descartam, porém, que o ambiente político volátil resulte novamente em um Parlamento fragmentado. Autoridades do Banco Central Europeu e de governos nacionais do continente ameaçam parar de financiar a dívida grega se o país escolher um governo que rejeite as medidas de austeridade previstas no pacote de resgate financeiro. Mas muitos gregos dão de ombros para essa ameaça e não veem contradição entre seu arraigado desejo de permanecer na zona do euro e sua oposição às condições impostas pela UE e o FMI. "Há um pouco de esquizofrenia na nossa sociedade atualmente. As pessoas querem permanecer na Europa -ter o bolo-, mas também querem comê-lo, ao atacarem os credores", disse Theodore Couloumbis, da entidade ateniense de pesquisas Eliamep. "Muita coisa depende de se o povo grego nessa eleição repetida vai votar com raiva e paixão ou se vai esfriar a cabeça, refletir e ver na prática quais são as reais escolhas. A escolha é entre o ruim e o pior." Os líderes partidários vão se reunir com o presidente Karolos Papoulias a partir das 13h (7h em Brasília) para montar o governo provisório. Não estava claro nesta terça-feira quem participaria desse gabinete, cuja principal tarefa será organizar a nova eleição, a terceira em três anos na Grécia. Num sinal do agravamento da crise, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, se tornou a mais nova autoridade internacional a falar abertamente sobre a possibilidade de exclusão grega do euro, o que antes era um tabu. Ela disse que é importante estar tecnicamente preparado para tal hipótese, e alertou que a eventual saída grega da moeda única seria "bastante bagunçada". As bolsas europeias caíram ao seu menor nível do ano por causa da crise grega, e os operadores temem novas quedas nos próximos dias, por causa do temor de contágio para outras economias endividadas da UE, inclusive Espanha e Itália.

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