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Europa

Grécia quer inibir imigração na fronteira com a Turquia

No mês passado, 200 imigrantes ilegais fizeram greve de fome para ganhar permissão de ficar na Grécia | Yiorgos Karahalis/Reuters
No mês passado, 200 imigrantes ilegais fizeram greve de fome para ganhar permissão de ficar na Grécia (Foto: Yiorgos Karahalis/Reuters)

Numa noite fria, meia dúzia de rapazes estava numa pequena estação de trem, batendo o pé no chão para aquecer. Eles esperavam, embora não tivessem dinheiro, para embarcar no trem para Atenas.

Alguns eram do Marrocos. Outros, da Argélia. Todos disseram terem vindo de avião de Istambul poucos dias atrás, tomado um ônibus até a fronteira com a Grécia e simplesmente entrado no país, atravessando à noite por campos de batata e alho.

"Um amigo meu me disse como fazer", disse Yousef Silimani, 23 anos, que, como os outros, se vestia de forma arrumada, até na moda. "Meus pés congelaram. Mas foi fácil."

Há dez anos, corpos apareceram em praias espanholas, quando os traficantes conduziam barcos frágeis e superlotados perto da orla. Ali, eles forçaram imigrantes, muitos dos quais nem sabiam nadar, a pular no mar e lutar por segurança. Alguns anos depois, os traficantes estavam focados no litoral da Itália e nas ilhas gregas.

No entanto, após a segurança nessas áreas ter sido reforçada com barcos e helicópteros de patrulha – e a Itália e a Espanha terem assinado acordos de repatriação com países do norte da África – os imigrantes e seus traficantes se adaptaram.

Agora é a fronteira entre a Grécia e a Turquia, incluindo uma faixa de 12km a apenas alguns quilômetros daqui, que se tornou o mais recente ponto de cruzamento para imigrantes que querem entrar na União Europeia. Em 2009, segundo policiais, cerca de 3.500 imigrantes chegaram à fronteira. Em 2010, mais de dez vezes esse número – cerca de 36 mil.

Vinte e um se afogaram no rio Evros, lamacento e rápido, que marca grande parte da fronteira entre a Grécia e a Turquia.

A onda de novos imigrantes vem de forma tão rápida e forte que autoridades gregas recorreram à agência de gerenciamento de fronteiras da UE, a Frontex, para ajuda emergencial no patrulhamento. Em janeiro, a Grécia anunciou que construiria uma cerca ao longo da fronteira terrestre, causando a ira de alguns grupos pelos direitos dos imigrantes. Eles temem que pessoas que buscam asilo de forma legítima, particularmente do Irã e do Afeganistão, não consigam atravessar.

Entretanto, autoridades afirmam não ter escolha. Os novos imigrantes chegam numa época em que a Grécia consegue ser pouco hospitaleira. O país está lidando com grandes dívidas e uma economia hesitante. Seus centros de detença estão superlotados, onde faltam itens básicos como sabonete e papel higiênico. Os imigrantes que solicitam asilo esperam anos até que seus casos sejam ouvidos.

A Grécia tem um acúmulo de 46 mil pedidos, de acordo com autoridades. Essa situação fez com que a Corte Europeia de Direitos Humanos multasse a Grécia em janeiro.

"A Grécia não é, na verdade, El Dorado da Europa, e devemos deixar claro que o país não é uma opção quando se entra na Europa", disse Christos Papoutsis, secretário de proteção ao cidadão da Grécia. "Especialmente neste momento, não podemos".

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