O Parlamento grego suspendeu a imunidade de seis legisladores do partido de extrema-direita Aurora Dourada nesta quarta-feira (16), abrindo caminho para que seus membros sejam investigados como cidadãos comuns. Com a mudança, os promotores poderão renovar as acusações caso encontrem novas evidências de que os membros da legenda utilizam o partido para promover ações criminosas - que fortaleçam o neonazismo na Grécia, já atordoada pelas reformas estruturais geradas pela crise financeira internacional.
Os parlamentares apoiaram massivamente o pedido dos promotores para que a imunidade política dos envolvidos fosse suspensa. Atualmente o partido é o terceiro maior do país, com 18 das 300 cadeiras do Parlamento.
"Estou sendo perseguido por minhas crenças, não por minhas ações", disse o parlamentar Panagiotis Iliopoulos, um dos que perdeu a imunidade.
Ele disse que, quando sua filha prestes a nascer perguntar a ele, daqui a alguns anos, o motivo de suspensão ele explicará que "amar incondicionalmente seu país era considerado um crime".
No começo do mês, o líder do Aurora Dourada, Nikolaos Michaloliakos, foi colocado em prisão preventiva sob acusação de ter comandado pessoalmente as ações criminosas da organização. A decisão judicial fez parte de uma operação para desmantelar a legenda, após o assassinato do músico antifascista Pavlos Fyssas por um simpatizante do Aurora Dourada. É a primeira vez que um líder de um partido eleito é preso no país desde o golpe militar há quase cinco décadas.
O avanço das ações contra o Aurora Dourada é um alívio para o governo do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, que prometeu liquidar o partido e chamou seus membros de "uma gangue de neonazistas".
Na véspera da prisão de Michaloliakos, no início do mês, quatro outros deputados haviam sido indiciados por formação de quadrilha após uma maratona de 18 horas de audiência. Três deles foram libertados sob fiança e estão proibidos de deixar o país. O quarto, Yanis Lagós, teve a prisão preventiva decretada por envolvimento no assassinato de Fyssas, no último dia 18 de setembro.