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Repressão

Governo espanhol aprova ação policial para conter protestos

Folhapress

O governo espanhol aprovou a atuação da polícia durante as manifestações de terça-feira próximas ao Congresso, em Madri, e disse que os participantes eram violentos. Nos atos, 35 pessoas foram presas e mais de 60 ficaram feridas.

A delegada do governo em Madri, Cristina Cifuentes, qualificou a atuação da polícia na manifestação como proporcional à agressão que os policiais sofreram. Ela afirmou que a polícia – que utilizou cassetetes para tentar dispersar os manifestantes – se limitou a "reprimir uma agressão e, sobretudo, a defender o Estado de Direito".

O protesto foi convocado pela "Coordenadora 25S" e a plataforma "De Pé!" para denunciar as carências da democracia e os cortes aprovados pelo governo conservador de Mariano Rajoy.

As ruas de Atenas e de Ma­­dri foram palco ontem de novos protestos contra as medidas de austeridade implementadas nos dois países, que sofrem com os efeitos da crise econômica.

Na Grécia, essa foi a primeira grande manifestação­­ popular após a eleição, em junho, do governo liderado pelo premiê Antonis Sa­­maras. A agência de notícias Reuters estimou em 50 mil pessoas o número de manifestantes na cidade, enquanto a polícia calculou o número em 25 mil.

Como nos protestos de fe­­vereiro, houve confrontos com a polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e coquetéis molotov para conter os manifestantes.

Na Espanha, a manifestação aconteceu um dia depois de conflitos em Madri, quando 6 mil pessoas prometeram cercar o Congresso. Em confrontos com a polícia, houve 64 feridos e 35 prisões, razão alegada para o novo protesto.

Os dois países estão em recessão econômica e têm as maiores taxas de desemprego da zona do euro, acima da casa dos 20% entre a população total e maior que 50% entre os jovens. Além disso, vivem impasses sobre o auxílio financeiro internacional.

Novas medidas

Os protestos ocorrem às vésperas de o governo grego anunciar novas medidas de austeridade, no valor de quase 12 bilhões de euros, conforme exigências da "troica" de credores (Comissão Europeia, Banco Central Eu­­ropeu e Fundo Monetário In­­ternacional), e em meio à incerteza sobre um novo pedido de empréstimo a ser feito pela Espanha.

Sem esses cortes na Gré­­cia, os credores não farão a remessa da próxima parcela do empréstimo acertado no início do ano, o que pode obrigar o país a dar o calote de sua dívida e põe em risco sua permanência no euro.

Ontem, na Praça Syntag­ma, em frente do Parlamento, os manifestantes diziam que não se submeteriam à "troica" e gritavam "Fora FMI e União Europeia".

No caso espanhol, a indefinição sobre a decisão de­­ pedir socorro financeiro às autoridades europeias fez com que os juros dos títulos da dívida pública do país voltassem ontem à casa dos 6%.

Sem isso, o Banco Central Europeu não comprará papéis espanhóis, já que essa é uma condição para sua intervenção nos mercados, concebida exatamente para que os países em crise pudessem se financiar com menor custo.

A oposição advertiu que o governo deveria dar ouvidos ao descontentamento da população e que algumas imagens mostram a tropa de choque investindo com "brutalidade pura". O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a Esquerda Unida (IU), ambos opositores, denunciaram a reação das forças de segurança como "repressivas, desproporcionais e excessivas".

IndependênciaLíder catalão desafia Madri e diz que convocará referendo

EFE

O presidente da Catalunha, Artur Mas, anunciou ontem que impulsionará uma consulta popular para saber se a população catalã é a favor ou não da independência, embora o governo espanhol não autorize este tipo de ação.

Em seu discurso no Parlamento regional, após ter anunciado ontem a antecipação das eleições para o dia 25 de novembro – antes prevista para 2014 –, Artur Mas propôs uma reunião entre os partidos catalães para definir esse processo. Segundo o próprio presidente regional, esse tema deverá ser discutido logo após o próximo pleito.

"Se (a consulta) pode ser feita pela via do referendo, por que o governo espanhol deve autorizar?", indagou o líder catalão. "Melhor, se o Governo dá as costas e não autoriza nenhum tipo de referendo e nem de consulta, é preciso fazê-lo igualmente", completou.

"Ambiguidade"

Além de defender o referendo, o presidente catalão rejeitou as acusações de "ambiguidade" em seus propósitos feitas pelos demais partidos, que acusam Mas de não ser claro em seus fins e de ter somente interesses eleitorais.

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