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Evo Morales aparentemente esgotado e fraco permanece em greve de fome | David Mercado / Reuters
Evo Morales aparentemente esgotado e fraco permanece em greve de fome| Foto: David Mercado / Reuters

O presidente da Bolívia, Evo Morales, aparenta estar esgotado e fraco nesta segunda-feira (13), quinto dia de sua greve de fome, iniciada com o objetivo de pressionar a aprovação de uma lei para a convocação de eleições para dezembro. Por essa razão, ele suspendeu um encontro que teria com um grupo de crianças. Mais de 2.000 pessoas em diversas cidades do país acompanham o presidente em sua greve de fome, disse nesta segunda-feira (13) seu porta-voz Iván Canelas.

"O presidente está bem, vocês sabem que ele é muito forte, é de ferro, e nestes dias de jejum não deixou de trabalhar no Palácio, com atos e em permanentes reuniões," disse Canelas no mesmo salão onde Morales realizava um protesto em companhia de cerca de 15 sindicalistas.

O ministro da Saúde, Ramiro Tapia, que é médico, disse que o quadro do presidente é estável e que recomendou que ele fizesse repouso, mas que não há necessidade de Morales deixar de realizar suas funções no salão do palácio presidencial. O presidente apenas mastiga folhas de coca que inibe a sensação de fome, e bebe água e chá de camomila.

Morales buscará um novo mandato e tentará obter um amplo controle do Congresso, o que lhe permitiria aprofundar as reformas esquerdistas que promove nos últimos três anos - como a nacionalização dos campos de gás que abastecem o Brasil e a Argentina.

Uma comissão legislativa de opositores e governistas discutiam um acordo para que a lei eleitoral seja debatida no plenário do Congresso. Morales cedeu na principal demanda dos opositores que querem tomar medidas para evitar a possibilidade de fraudes durante as eleições. Segundo o deputado Fernando Messmer, a decisão do presidente facilitará um acordo sobre a lei.

O presidente da Corte Nacional Eleitoral, José Luis Exeni assegurou, em carta do Congresso, que é possível fazer um novo censo eleitoral e estabelecer um novo padrão biométrico com impressões digitais e fotografia, mas para isso é necessário a garantia de recursos e normas para a efetivação da medida. A realização de um novo censo eleitoral terá um custo de US$ 30 milhões. Morales disse que uma parte das despesas será financiada com recursos que estavam destinados à compra de um avião para uso presidencial. Neste domingo, Morales afirmou que "a direita não quer eleições e apresenta como pretexto o censo (eleitoral)". Morales aparece como candidato favorito, embora ainda não tenha confirmado sua candidatura.

Os parlamentares opositores surpreenderam na segunda-feira com novas exigências, como a renúncia do presidente da Corte Nacional Eleitoral (CNE), José Luis Exeni. Isso retarda um acordo definitivo.

"O pedido de renúncia do presidente da CNE mostra uma vez mais que a direita radical não quer eleições, mas isso terá de mudar cedo ou tarde", disse a jornalistas o porta-voz de Morales, Iván Canelas.

O porta-voz acrescentou que Morales decidiu destinar ao recadastramento eleitoral uma verba de 120 milhões de bolivianos (16,9 milhões de dólares), originalmente reservada neste ano para a compra de um novo avião presidencial.

Canelas disse ainda que Morales está disposto a manter a greve de fome "até as últimas consequências..., até que haja lei para as eleições".

A oposição, liderada pelo presidente do Senado, Oscar Ortiz, mantém sem quorum desde quinta-feira a sessão bicameral do Congresso em que se debate e vota a lei que regulamentará a eleição geral de dezembro e as eleições regionais de abril de 2010.

Dessas eleições resultará uma Assembleia Plurinacional, com vagas reservadas para os povos indígenas minoritários, em lugar do atual Congresso.

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