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Bolívia

Greve de regiões contra Morales tem pouco impacto

A greve promovida na sexta-feira por líderes regionais da Bolívia contra o governo de Evo Morales teve adesão parcialmente em três dos nove Departamentos da Bolívia, segundo relatos oficiais e independentes.

O protesto não afetou atividades vitais, como as exportações de gás e soja, e ocorre apenas três dias depois de Morales obter uma das suas maiores vitórias políticas, a aprovação parlamentar de um plano de reforma agrária e de 44 contratos com multinacionais de petrolíferas.

Os chamados comitês cívicos de algumas regiões, que se opõem à ``revolução agrária'' proposta por Morales, convocaram a greve para forçar o presidente a renunciar a parte do controle que tem na Assembléia Constituinte, que delibera desde agosto e com a qual Morales pretende consolidar suas reformas econômicas.

Emissoras de rádio e TV disseram que a greve teve mais força em Santa Cruz, no leste do país, principal reduto da oposição política e empresarial às reformas como a nacionalização petrolífera e a reversão de terras improdutivas para serem repartidas entre camponeses pobres.

Também houve paralisação parcial em escritórios e lojas nas capitais dos Departamentos de Beni e Tarija. No resto do país, a greve foi ignorada.

As rádios católicas Fides e Erbol disseram que em Santa Cruz houve confrontos isolados entre jovens ligados ao comitê cívico regional e moradores contrários à greve.

Um fotógrafo da Reuters viu dezenas de jovens de Santa Cruz, aparentemente de classe alta, bloqueando cruzamentos nas principais avenidas e até uma via férrea num bairro onde vivem imigrantes do Altiplano. Foi uma das ações mais radicais do protesto de sexta-feira.

A Erbol disse que em Tarija, capital do Departamento homônimo, onde ficam os maiores campos de gás do país, um confronto entre dirigentes cívicos e camponeses contrários à greve deixou várias pessoas levemente feridas.

Qualificando o protesto de ``democrático, pacífico e bem-sucedido'', o líder cívico de Santa Cruz Germán Antelo, principal idealizador da greve, disse que o movimento vai prosseguir ``até as últimas consequências, porque é uma luta pela liberdade''.

Antelo minimizou o fato de o protesto ter tido adesão apenas parcial e só em três distritos.

Já a ministra de Governo, Alicia Muñoz, afirmou a jornalistas que a greve teve ``um impacto muito limitado nos centros das capitais de três Departamentos'' e foi ``em grande medida forçada por líderes regionais''. ``Isso reflete a consciência civil e cidadã de que se tratava de uma greve injustificada e política.''

Muñoz não confirmou relatos da imprensa de que Morales convocaria no fim de semana uma cúpula política nacional para reduzir a tensão, a poucos dias da Cúpula Sul-Americana, marcada para os dias 8 e 9 em Cochabamba.

Os comitês cívicos, assim como a oposição política de centro e de direita, exigem que todas as decisões da Constituinte sejam tomadas por dois terços dos votos, o que obrigaria a bancada governista, majoritária, a buscar acordos.

O governo conseguiu que a Constituinte adotasse um sistema que mistura votações por maioria absoluta e por maioria de dois terços. A assembléia tem até agosto de 2007 para redigir a nova Constituição, que será então submetida a referendo.

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