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Crise árabe

Greve em várias cidades aumenta caos e atinge o Canal de Suez

Manifestantes concentrados na Praça Tahrir, centro do levante contra o governo | Patrick Baz / AFP
Manifestantes concentrados na Praça Tahrir, centro do levante contra o governo (Foto: Patrick Baz / AFP)

Cairo - Sem conseguir esvaziar o movimento popular que pede a re­­núncia do ditador Hosni Mu­­barak, mesmo após fazer concessões que há duas semanas eram impensáveis, o regime egípcio formulou uma ameaça velada. De acordo com o vice-presidente Omar Suleiman, a continuação dos protestos poderá levar a um "golpe’’.

A escalada retórica, porém, teve efeito nulo para conter a ampliação dos protestos, que se estenderam ontem bem além do Cairo e da revolta dos jovens que deflagraram o movimento.

Enquanto a manifestação na Praça Tahrir, centro da capital, completava ontem 16 dias, atra­­indo um número cada vez maior de adeptos, milhares de trabalhadores entraram em greve em outras cidades do país, elevando a tensão e os riscos a uma economia já semiparalisada.

Numa demonstração de que o regime começa a perder a paciência com a insistência dos ma­­nifestantes na renúncia imediata de Mubarak, Suleiman aconse­­lhou-os a negociar ou encarar as consequências.

"Queremos evitar um golpe apressado e irracional’’, disse Su­­leiman em um encontro com edi­­tores de jornais egípcios na noite de terça. "O diálogo é a forma correta de alcançar a estabilidade de forma pacífica.’’

Nomeado vice-presidente no início da crise, ele abriu um inédito diálogo com a oposição no último domingo, mas as concessões feitas até agora foram consideradas vagas e insuficientes pe­­­­­­los manifestantes.

Na principal demanda, a re­­núncia imediata de Mubarak, o regime permanece irredutível. O máximo que admitiu até agora é que ele não concorrerá a mais um mandato na eleição de se­­tem­­bro.

Mubarak, que completa 83 anos em maio, está no poder desde 1981. Para o general Suleiman, exigir a renúncia do ditador "é um insulto não só ao presidente, mas a todos os egípcios’’.

Em tom de alerta, o general, que era comandante do temido serviço de inteligência do país, acrescentou que os protestos são "um perigo’’ para o Egito e que o regime não quer lidar com a so­­ciedade por meio de "instrumentos policiais’’.

As palavras de Suleiman não dissolveram o impasse que se ar­­rasta há mais de duas semanas e coincidiram com a volta da violência no país. Três manifestantes morreram ontem em choques com a polícia na província de Vale Novo, no sudoeste do Egito.

A ameaça de que os distúrbios ganhem alcance nacional voltou a se materializar, com a entrada em greve de milhares de trabalhadores. Na ação mais significativa, cerca de 6 mil funcionários de empresas da Autoridade do Canal de Suez – componente crucial da economia egípcia – estão de braços cruzados.

Ainda não há registro de ruptura no tráfego do canal, crucial para a circulação de petroleiros.

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