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Greve geral na Argentina suspende voos, transportes e coleta de lixo

Trabalhadores parados em Buenos Aires: governo de Cristina Kirchner fixou teto abaixo da inflação para reajustes salariais. | Enrique García Medina/EFE
Trabalhadores parados em Buenos Aires: governo de Cristina Kirchner fixou teto abaixo da inflação para reajustes salariais. (Foto: Enrique García Medina/EFE)

A capital da Argentina, Buenos Aires, e as principais cidades do país amanheceram paradas ontem devido a uma greve dos funcionários do setor de transportes à qual aderiram funcionários da coleta de lixo, de distribuição de alimentos e de entrega de combustíveis. A paralisação afetou os voos entre Brasil e Argentina. Pelo menos sete voos da TAM e seis da Gol entre os dois países foram cancelados.

Convocada por organizações sociais e sindicatos de esquerda, a paralisação deve continuar hoje nas principais cidades argentinas, que ficaram ontem sem transporte público e sem limpeza. Em algumas regiões, motoristas encontraram dificuldades para abastecer seus carros.

Trabalhadores também bloquearam os principais acessos das cidades da região metropolitana a Buenos Aires, impedindo que pessoas em automóveis particulares chegassem ao centro da capital argentina.

Segundo o jornal “La Nación”, ontem não houve voos domésticos no país. Alguns voos internacionais foram mantidos.

Reajuste menor

Os sindicatos reclamam que o governo fixou um teto de reajuste salarial de 27% neste ano — a inflação no período foi de 38%. O argumento do governo é que os aumentos de preços estão sendo controlados (a inflação está ao redor de 25%).

Outra queixa dos sindicalistas é o imposto sobre os salários, que começa a tributar quem ganha mais de 15.000 pesos (cerca de R$ 3.500) no país. Os trabalhadores querem a correção do limite de isenção, argumentando que muitos passarão a pagar impostos com base nos reajustes salariais praticados neste ano.

“É uma paralisação que lamentavelmente ocorre porque as autoridades não querem negociar e ouvir as reclamações dos trabalhadores”, disse o sindicalista Roberto Fernández ao jornal argentino “La Nación” .

Em entrevista ao jornal “Clarín”, Hugo Moyano, líder da Confederación General del Trabajo (CGT), afirmou que a adesão mostra o descontentamento com as políticas do governo. “A greve teve uma adesão muito importante, que mostra a insatisfação dos trabalhadores com as políticas do governo”, disse. “E quanto a salários: por que eles têm que ter teto, se a inflação não tem teto?”, questionou.

O governo criticou a mobilização. Para assessores da presidente Cristina Kirchner, a greve foi convocada por sindicatos opositores com “interesses políticos”, para prejudicar o governo em um ano eleitoral.

A greve é a quinta desde que Cristina Kirchner assumiu a Presidência da Argentina, em 2007, e a segunda em apenas dois meses. Em abril, a greve geral que atingiu as principais cidades do país durou 24 horas.

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