Começou nesta segunda-feira (10) uma greve por tempo indeterminado em que trabalhadores bolivianos reivindicam melhores salários, num tipo de confronto até agora quase inédito entre sindicalistas e o governo de Evo Morales.
Mineradores e outras categorias aderiram à paralisação convocada pela central sindical COB para protestar contra o aumento de 5 por cento oferecido pelo governo. O impacto da greve em nível nacional, no entanto, parece limitado.
"Esta é uma luta pelos nossos direitos básicos", disse Pedro Montes, dirigente minerador da COB, à frente de uma passeata que percorreu 200 quilômetros entre a localidade de Caracollo, no Altiplano, até La Paz.
O ministro da Presidência (Casa Civil), Oscar Coca, minimizou o impacto da greve, dizendo que "não há paralisação no país." "As coisas estão transcorrendo normalmente."
Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, iniciou em janeiro o seu segundo mandato, após ser reeleito por ampla maioria.
Erasto Almeida, da consultoria Eurasia Group, escreveu em nota distribuída por e-mail aos seus clientes que "Morales provavelmente está pagando o preço por gerar expectativas elevadas de melhorias econômicas entre os seus seguidores, por dar um exemplo do uso de protestos violentos para promover seus próprios objetivos políticos, e por adotar uma posição relativamente branda em protestos anteriores."
O presidente acusou rivais direitistas e a embaixada dos Estados Unidos de terem alimentado a greve, e pediu aos trabalhadores que não participem.
Além do aumento superior a 5 por cento, os grevistas querem mudanças nas leis trabalhistas.
Na província de Caranavi, outro protesto, em que moradores exigiam a construção de uma fábrica de beneficiamento de cítricos, resultou em violência, ampliando a tensão entre o governo e grupos sociais que até então lhe davam apoio quase incondicional.
Pelo menos duas pessoas morreram e 30 foram detidas, segundo a imprensa local. A polícia negou envolvimento nas mortes e acusou os manifestantes de portarem armas.
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