A tropa de choque da polícia turca enfrentou na segunda-feira (17) cerca de mil sindicalistas em Ancara, a capital, após um fim de semana marcado por novos protestos violentos contra o governo.
Os policiais usaram megafones para tentar conter a passeata que rumava para o bairro de Kizilay, no centro da cidade.
"Vocês que estão nas ruas devem parar de bloquear as ruas. Não sejam provocados. A polícia vai usar a força", gritavam os agentes, enquanto vários canhões de água eram posicionados nos arredores.
Outras passeatas estão programadas para segunda-feira em Istambul, apesar dos alertas do governo de que manifestações não serão toleradas.
"Há uma tentativa de trazer as pessoas para as ruas por meio de greves e paralisações trabalhistas. Isso não será permitido", disse a jornalistas o ministro do Interior, Muammer Guler.
No fim de semana, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar milhares de manifestantes que estavam concentrados nos arredores da praça Taksim, epicentro dos protestos contra o governo iniciados no começo de junho.
A polícia deteve 441 pessoas no domingo em Istambul, e 56 em Ancara. Em 18 dias de protestos, pelo menos quatro pessoas morreram e cerca de 5.000 ficaram feridas, segundo a Associação Médica Turca.
O que começou como uma pequena manifestação de ambientalistas contra a construção de um shopping num parque vizinho à praça Taksim se transformou em um movimento nacional contra o premiê Tayyip Erdogan, acusado por seus oponentes de ser autoritário e interferir demasiadamente na vida da população.
"Estamos cansados de protestar, não queremos continuar fazendo isso, queremos voltar às nossas vidas, mas estamos cansados desse governo opressivo interferindo constantemente", disse o professor Mahmet Cam, que protestava em Ancara.
Houve confrontos na segunda-feira também na cidade de Eskisehir, cerca de 200 quilômetros a sudeste de Istambul, onde a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar uma multidão, segundo a agência de notícias Dogan.
Stefan Fuele, comissário da União Europeia para assuntos de ampliação do bloco, manifestou preocupação com a situação na Turquia cujo processo de adesão à UE foi atrapalhado em parte devido a questionamentos sobre os direitos humanos e a liberdade de expressão no país.
"A Turquia precisa de uma desescalada e de um diálogo, não da continuação do uso excessivo da força contra manifestantes pacíficos, observamos com preocupações", escreveu ele pelo Twitter.
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