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Uma rua no centro da Cidade do México que é, normalmente, movimentada, estava quase deserta ontem. O governo mexicano pediu às pessoas que permanecessem em casa | Joe Raedle/ AFP
Uma rua no centro da Cidade do México que é, normalmente, movimentada, estava quase deserta ontem. O governo mexicano pediu às pessoas que permanecessem em casa| Foto: Joe Raedle/ AFP

      Quatro países anunciaram ontem a contaminação de pessoas que não foram ao México, considerado o foco de disseminação do vírus influenza A H1N1 – nome adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para se referir à gripe suína. Os pacientes – do Reino Unido, da Alemanha, da Espanha e do Canadá – não haviam saído de suas regiões nas últimas duas semanas e adoeceram porque tiveram contato com portadores do vírus que regressaram do México.

      Caso esse padrão de contaminação – transmissão viral entre seres humanos em vários países independentemente da presença na área de origem – se mostre sustentável, se cumpre a condição para que a OMS decrete o nível 6 de alerta, o grau máximo da escala da agência das Nações Unidas que indica a ocorrência de uma pandemia – uma epidemia que ocorre simultaneamente em diversos locais do globo.

      Os números oficiais da OMS apontam para 365 casos confirmados em 13 países, com dez mortes. O Brasil tem 41 casos em monitoramento, 7 suspeitos, 17 descartados e nenhum confirmado.

      "Nunca, desde que comecei a trabalhar aqui há 13 anos, estivemos tão perto de declarar uma pandemia", afirmou Mike Ryan, chefe de operações da OMS. Mas a entidade hesita, primeiro porque as ocorrências de transmissão de pessoa a pessoa ainda são poucas, segundo porque teme gerar prejuízos, principalmente durante forte crise econômica.

      "Qualitativamente, ainda não houve uma mudança no padrão da transmissão. Temos de ter transmissão sustentável em pelo menos duas regiões (a entidade agrupa os países em seis grandes áreas)", explicou o porta-voz da OMS, Gregory Hartl. Hartl acrescentou que o termo pandemia não traz a conotação de severidade do vírus. "É só se está ou não espalhado."

      A chave, para muitos, parece ser a Espanha. Já há um caso provado de transmissão e o governo estima que, no fim de semana, 1,5 mil espanhóis que estavam em viagem de turismo no México terão voltado para suas casas.

      Dick Thompson, um dos porta-vozes da OMS, alertou ontem que o caso de transmissão entre duas pessoas na Espanha é mesmo relevante. "Um caso nos foi confirmado de que a transmissão entre uma comunidade está começando. O vírus está começando a se estabilizar em uma outra área. Esse é um caso especialmente preocupante", disse.

      Duramente criticada pelo governo do México por ter levado uma semana para tomar providências, a OMS rejeitou as acusações. "Uma vez que soubemos que era um vírus novo, começamos a trabalhar", afirmou Gregory Hartl, porta voz da entidade.

      Nas próximas horas, a OMS focará seu trabalho no acompanhamento dos casos de transmissão entre pessoas e como preparar os países em desenvolvimento. Os laboratórios estão lotados, com mais de 30 mil amostras ainda para ser testadas apenas de pacientes mexicanos. Na Espanha, a demora nas análises está deixando irritadas as famílias dos doentes.

      As medidas tomadas pelos governos são as mais diversas. Quase 175 mil estudantes nos Estados Unidos estão sem escola, o Citigroup mandou desinfetar um prédio inteiro e 320 mil porcos estão sendo abatidos no Egito. Na Faculdade de Medicina de Harvard as aulas foram suspensas. O governo da Nova Zelândia confirmou quatro casos. Mas colocou em isolamento 388 pessoas.

      Uma circular do Departamento de Segurança Interna dos EUA alertou a seus funcionários de que devem usar máscaras se estiverem na presença de alguém suspeito de ter contraído o vírus. O Banco Mundial apontou que um de seus funcionários foi diagnosticado com a doença. Na Casa Branca, um assistente do presidente Barack Obama também foi listado como um dos casos suspeitos. Obama esteve no México há duas semanas.

      A Associação de Nações do Sudeste Asiático convocou China, Japão e Coreia do Sul para uma reunião extraordinária de ministros para o dia 8 na Tailândia. A meta é a de dar uma "resposta regional comum" à gripe.

      Questionado se o nível de alerta poderia baixar, Ryan, o chefe de operações da OMS foi irônico: "você me coloca Deus no telefone e vamos perguntar".

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