Um grupo de dez pessoas do total de 50 membros do comitê que está reformando a Constituição egípcia suspendeu os trabalhos após a detenção hoje de ativistas no Cairo.
Hoda al-Sadda, que tem uma cadeira no "Comitê dos 50", explicou ter suspendido suas atividades, junto a nove de seus colegas, após a prisão de manifestantes que denunciavam a manutenção de um artigo autorizando os processos de civis diante de tribunais militares na nova Constituição.
O projeto de Constituição revisada prevê manter um artigo que permite aos tribunais militares julgar civis acusados de "atrapalharem" as forças armadas - uma definição interpretada de forma ampla no Egito. Três jornalistas foram recentemente condenados por tribunais militares em virtude deste artigo.
Os manifestantes foram presos porque não obtiveram a autorização, que deve ser concedida pelo Ministério do Interior, para se reunir diante do Senado, onde funciona o "Comitê dos 50".
Este foi o primeiro incidente registrado na capital desde a promulgação no domingo de uma lei que restringe o direito de manifestação. A lei foi denunciada por ONGs de defesa dos direitos humanos como mais uma tentativa de reprimir manifestações após a destituição do presidente islamita Mohammed Mursi.
Segundo a agência estatal de notícias Mena, entre os que deixaram o comitê estão Diaa Rashuan, secretário-geral do Sindicato de Jornalistas, e Mohammed Abul Gar, presidente do Partido Social-Democrata.
Fontes do movimento juvenil Tamarod, que impulsionou as manifestações que causaram a derrocada do presidente islamita Mursi, disseram que seus representantes também se retiraram até que se ponha em liberdade os detidos no protesto de hoje.
Pelo menos 28 pessoas foram detidas hoje, segundo o Ministério do Interior, embora esse número seja elevado por grupos de ativistas até 35 manifestantes.
A indignação pelas novas detenções, entre eles o da conhecida ativista Mona Seif, chegou até o governo. O primeiro-ministro, Hazem el-Beblawi, se reuniu com representantes dos jovens revolucionários, a quem anunciou a criação de uma comissão para analisar as reservas suscitadas pelo texto.
Hazem el-Beblawi ligou ainda para o presidente do comitê constituinte, Amr Moussa, para garantir-lhe que os detidos em frente à sede do Parlamento serão libertados.
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